sábado, 11 de dezembro de 2010

FIM DAS ATIVIDADES

Informo que o Blog Brilhe a Vossa Luz encerra as suas atividades nesta data, agradeço a todos que colaboraram com o blog e que puderam encontrar aqui alguma postagem que o ajudou de alguma maneira.
Ficam aqui as mensagens arquivadas para consulta a qualquer tempo.

Um grande e fraternal abraço a todos!!!

sábado, 27 de novembro de 2010

BENEFÍCIOS PAGOS COM A INGRATIDÃO




Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?


Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus.
Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento.
Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu.
Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão.
Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago.
Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.
E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará.
Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros.
Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo.
Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor.
Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde.
Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele.

Guia protetor. (Sens, 1862.)

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O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo XIII - Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

NOSSA ETERNA LUTA INTERIOR



Nossa alma sempre está em conflito consigo mesma, pois sempre sentimos os mais conflitantes sentimentos.
Ora estamos sorridentes, felizes, quando as coisas nos correm bem, ou quando estamos amando.        
Ora estamos tristes, angustiados, quando algo não vai bem, quando brigamos com nosso amor.
Ora ficamos tomados da mais profunda ira, quando somos vítimas de alguma injustiça, ou quando vemos cenas como essas que nos são proporcionadas pelo noticiário da televisão, ou jornais, ou seja, derramamento de óleo no mar, filhos assassinando pais, estupros, e toda uma gama de atrocidades que são especialidade da casa do bicho homem...
Li uma mensagem atribuída a "um chefe indígena", que fala bem sobre esse conflito, literalmente, "colocando o dedo na ferida".
Vejam só: Dentro de nós existem dois cachorros. Um deles, é mau... cruel. E o outro é bonzinho... dócil. Estão sempre brigando... E vence sempre aquele que eu alimentar mais...
Dessa mensagem, é fácil deduzir-se que está em nosso livre arbítrio determinar qual o instinto que irá predominar em nossos sentimentos.
Se alimentarmos mais o cachorro bonzinho, ele vencerá a luta com o outro, e em nosso interior predominarão os bons sentimentos, teremos muito mais capacidade para amar do que para odiar.
É muito mais gratificante para nosso interior termos apenas bons sentimentos. Claro, como a perfeição inexiste, sempre teremos nossos momentos de revolta, de ira mesmo contra certas injustiças, contra certas atitudes mesquinhas, contra certas maldades que existem por aí. Mas são apenas momentos ocasionais, quando o cachorro bonzinho não se alimenta direito.
Contudo, quando o cachorro maldoso recebe ração dupla, ou toma algumas vitaminas, vemos a maldade predominar... e as consequências são tristes e trágicas. Não preciso nada dizer, pois o noticiário jornalístico se encarrega de mostrar tudo que se faz de mau por este mundo afora.
Interessante, aliás, que a base do noticiário são sempre as tragédias... Por vezes, parece que televisão, ou jornal está pingando sangue. Como se não bastasse, alguns sites também adoram "pingar" essas notícias, já fartamente noticiadas pela imprensa comum.
Certo que essas coisas acontecem e devem ser noticiadas. Penso apenas que se poderia dar igual ênfase às coisas boas que acontecem... Ou será que só existe maldade neste mundo?
Importante mesmo, é cada qual procurar fazer sua parte, tratando de alimentar melhor o "seu" cachorro bonzinho, para que ele consiga, pelo menos equilibrar a briga... Gozado... brigar para ser bom... Parece um contra senso...
Até que faz sentido isso, para sermos pessoas boas e equilibradas, temos que brigar... Temos que brigar contra a revolta que por vezes cresce em nosso interior contra certos fatos que assistimos... Temos que brigar contra nossa vontade de reagir a certas provocações... Temos que brigar contra as artimanhas do cachorro mau, que vai buscar no fundo de nossa alma, aquele instinto meio selvagem que todos temos em nosso interior, e precisamos sufocar.
Enfim, o caminho para a maldade parece mais fácil e confortável, e realmente o é, pois para conseguirmos as coisas, nos bastará destruir o que outros fizeram, passar por cima de escrúpulos. Pouco teremos que construir, e é mais fácil destruir do que construir.
Contudo, apesar de dar mais trabalho, é muito mais gratificante cuidar bem do cachorro bonzinho.
Além de nos trazer um certo bem estar interior, certamente atrairemos muito mais simpatia, cuidando bem do cachorro bonzinho, um simpático e nobre hursky siberiano, mesmo que esteja um pouco arranhado pelas garras do outro, um soturno pitbull...
Esperando que possamos alimentar convenientemente nosso Hursky.

 
Marcial Salaverry


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

ANDAI, ENQUANTO TENDES LUZ


“Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.” (João, 12:35.)

A passagem em epígrafe refere-se a um diálogo de Jesus com estrangeiros que foram à Palestina, especialmente, para conhecê-lo.
A narrativa de João envolve aspectos interessantes dessa conversa, mas aqui queremos nos ater à advertência final acima transcrita, que Jesus dirige, não só a eles, mas a todos os que o ouviam e, se considerarmos os aspectos mais profundos do ensinamento, a todos nós.
Muitas indagações emergem em nossa mente diante dessa passagem: Para onde deveriam dirigir-se os que acolhessem a indicaçãode andar? e, nesse caso, o imperativo está atrelado à luz como condição favorável que se apresentava aos estrangeiros, naquele momento histórico, que deduzimos ser a própria presença do Mestre.
Naturalmente, Jesus sabia do que lhe ocorreria na sequência daqueles dias e percebia que não ficaria por longo tempo entre seus discípulos.
Precisamos entender, contudo, que todo ensinamento evangélico tem propósitos mais amplos e transcendentais.
Considerando a referência ao Reino como orientação expressa em linguagem metafórica,
compreenderemos que o Reino de Deus não é um lugar e o verbo andar não significa o ato de deslocar-se espacialmente na Terra.
Jesus mesmo esclareceu que ninguém pode dizer que o Reino esteja aqui ou ali, porquanto ele estaria dentro de nós mesmos, sendo, portanto, uma condição a ser criada pelo indivíduo num processo subjetivo de realização.
Tudo o que aconteceu depois pode, sem qualquer dúvida, ser identificado com a condição adversa de obscuridade que dificultou a vida das criaturas humanas identificadas com os ideais cristãos: as perseguições sofridas, os sacrifícios no circo romano, as lutas para a consolidação do movimento de divulgação da Boa Nova, a oficialização do Cristianismo como religião do Estado, que determinaria a descaracterização da doutrina ensinada pelo Cristo, o longo período da Idade Média, que somente cessou com o advento do Renascimento já no século XV.
Hoje, ainda, o homem se confronta com grandes obstáculos, para realizar o que Jesus propôs. Notáveis avanços marcam a história da Humanidade, mas, no que tange à cultura ocidental, parece-nos que a condição favorável para o caminhar do homem no sentido de realizar o que lhe cabe – espiritualizar-se – voltou aos cenários do mundo com o advento do Espiritismo, cujas proposições oferecem a chave que nos permite entender os ensinamentos do Evangelho.
Coloquemo-nos, pois, como os atuais destinatários da fala do Mestre. Precisamos tomar consciência de que vivemos um momento favorável ao trabalho interior, para fazer aflorar as virtudes que ainda estão em estado potencial dentro de nós.
O caminho para isso está disponível, caso nos decidamos aos estudos sérios a que somos convocados pelo Espiritismo.
Nada se pode conquistar, sem esforço e luta. Nosso empenho será maior, quando compreendermos que o tempo é um recurso valioso que, embora se renove em outras oportunidades, é, de certa forma, limitado.
Nossa permanência na situação favorável depende do aproveitamento da chance que está sendo dada.
Na sequência dos acontecimentos, o quadro pode se alterar e maiores se tornarão os obstáculos a serem superados.
Busquemos, pois, assimilar o ensinamento principal de Jesus –“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.
Esforcemo-nos para nos tornarmos discípulos do Mestre e estaremos criando condições para superar as amarras materiais e alcançar o conhecimento da verdade que liberta totalmente a criatura da ignorância e do erro.
O momento é favorável, o Consolador está entre nós. Sigamos em paz!


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Dalva Silva Souza
Revista Reformador de Novembro de 2010


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domingo, 14 de novembro de 2010

RELIGIÃO CÓSMICA DO AMOR


Toda crença religiosa que se firma no amor é digna de respeito e carinho.
O objetivo essencial da fé religiosa é dignificar a criatura humana, tornando-a melhor moralmente e preparando-a para desenvolver os valores espirituais que lhe dormem no íntimo.
Em razão do mergulho na matéria, o espírito aturde-se, e quase sempre olvida os compromissos assumidos na Espiritualidade, deixando-se comandar pelas manifestações do instinto que o ajudaram nos períodos remotos da evolução, mas que foram suplantados pelo discernimento e pela consciência, permanecendo somente aqueles que preservam a vida e dão sentido existencial.
Na neblina carnal, no entanto, a predominância da matéria, como é compreensível, dificulta o discernimento a respeito da finalidade da reencarnação, facultando que os sentidos físicos se direcionem para o prazer, para o gozo, para a satisfação das necessidades biológicas.
A consciência, no entanto, trabalha pela eleição do significado existencial, do equilíbrio emocional, do bem estar espiritual, alargando os horizontes da percepção para as conquistas relevantes e significativas que acompanharão o ser após o seu inevitável decesso tumular.
Por esses motivos, entre outros, a necessidade de uma religião que se expresse em lógica e praticidade, destituida dos aparatos e das fantasias, dos interesses sórdidos do comportamento material, faz-se imprescindível para enriquecer os seres humanos de beleza e de harmonia.
Isto porque a conquista da lógica, no longo roteiro evolutivo, impõe a necessidade de compreender-se tudo quanto se deseja vivenciar, a fim de constatar-se a sua resistência frente à razão em qualquer circunstâncias.
Assim sendo, não há mais lugar para qualquer tipo de crença religiosa que se apresente com manifestações totalitárias, eliminando a capacidade do crente de pesquisar, de aceitar ou não os seus postulados, sendo-lhe exigido crer sem entender.
É certo que ainda surgem segmentos religiosos fundamentados no fanatismo, geradores de lutas e intolerâncias, tentando impor-se pela força dos seus dirigentes políticos ou de outra espécie, mas não pela sua estrutura racional e profunda.
Naturalmente, ante o impacto do progresso, aqueles que lhes aderem ao comportamento, logo desenvolvem o senso  da razão e os abandonam, isso quando não lhes permanecem vinculados pelos frutos apodrecidos dos interesses materiais que lhes rendem prestígio, poder e recursos econômicos.
Nesse caso, sendo destituídas do sentimento do amor, de compreensão e de bondade, estando ausentes o respeito pelo próximo e pelo seu direito de acreditar naquilo que mais lhe convém e lhe felicita, essas estranhas doutrinas mais atormentam do que consolam, seduzindo grande fatia da sociedade que ainda permanece vitimada pelos atavismos, quando se fizeram poderosas e esmagaram aqueles que eram considerados adversários do comportamento enfermiço.
Foram essas religiões, trabalhadas pela força política e pelos impositivos da ignorância, que se encarregaram de afastar os fiéis das diretrizes do amor que conduz a Deus, abrindo espaço para os comportamentos agressivos e a revolta constante, facultando o desenvolvimento do materialismo e do niilismo, que lhes bloquearam a capacidade de crer e, por efeito, de abraçar os ideais de religação com a Divindade.
Nesse báratro, a misericórdia divina proporcionou à humanidade uma crença religiosa que atende perfeitamente ao mandamento maior e, ao mesmo tempo, conforta e tolera todos quantos não lhe dão guarida.
Trata-se do Espiritismo, que se fez a resposta eloquente do amor de Deus às criaturas ansiosas que lhe suplicavam diretrizes e oportunidade de crescimento, assim como de recursos pra a conquista da felicidade.
O Espiritismo, ademais de fundamentar-se no amor através da ação da caridade, é doutrina profundamente racional, que esclarece o aprendiz a respeito das razões da crença e da sua legitimidade, por estruturar-se na linguagem iniludível dos fatos.
Jesus, quando esteve na Terra, elegeu o amor como sendo a fonte de sabedoria e de iluminação mais poderosa que se pode conhecer.
Estabelecendo como essencial o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não renegou as crenças que predominavam na cultura de então, lamentando que as mesmas não possuíssem essa especial conduta, perdidas em aparências e cerimoniais que mataram o conteúdo essencial de que Moisés se fizera portador ao apresentar os Dez Mandamentos.
Neles estão inscritos, sem dúvida, os códigos éticos de alta magnitude, responsáveis pela ordem social e moral da humanidade, numa síntese que facultaria ao direito civil em muitos países fundamentar os seus postulados naquelas seguras regras de comportamento.
Jesus, complementando, porém, a propositura do amor, que de a sua doutrina se faz o reservatório inexaurível, transformou-o em código superior aos infelizes de todos os matizes, utilizando-se da ação da caridade como sendo a sua expressão mais elevada.
Todas as suas palavras fizeram-se revestir pelos sublimes exemplos, pelas ações, pelos fatos extraordinários que passaram à humanidade, confirmando-lhe o messianato, demonstrando ser ele o Embaixador de Deus, aquele que todos esperavam, mas preferiram não aceitar, porque ele feria de morte as paixões inferiores, os interesses mórbidos dos religiosos equivocados, que se compraziam em manter os crentes na ignorância, a fim de melhor explorá-los.
Por sua vez, ele sempre elucidava todos os enigmas que atormentavam as pessoas, explicando a necessidade do amor em todas as expressões: ao trabalho, ao dever, à família, ao próximo de toda procedência, mas acima de tudo ao Pai Criador.
Submeteu-se às arbitrariedades do poder temporal para demonstrar a sua fragilidade na sucessão dos tempos, especialmente diante da morte que a todos arrebata, modificando as estruturas do mundo e das próprias criaturas.
Jamais se permitiu ceder aos caprichos dos adversários da verdade, divulgando-a e vivendo-a nas situações mais ásperas e agressivas.
Com a sua visão superior, conhecia a fragilidade daqueles que se candidatavam ao ministério da sua palavra, tolerando-lhes a fraqueza moral, mas não anuindo com ela, de modo que anunciou O Consolador, que ele rogaria ao Pai enviar, a fim de que o rebanho não ficasse esparramado, sem diretrizes de segurança,  nos momentos difíceis do futuro que se apresentariam para a conquista da real felicidade.
E cumpriu a promessa, por ocasião do advento do Espiritismo.
O amor, realmente, deverá ser um dia a mais bela conduta, a mais significativa, a psicoterapêutica preventiva e curadora, tornando-se uma forma de religiosidade que fascinará a todas as criaturas.
Ao Espiritismo compete, portanto, o dever, através dos espíritas sinceros, de propagar os seus postulados, de divulgar as imorredouras lições do Evangelho, de demonstrar a excelência dos seus paradigmas, o alto significado de que se fazem instrumentos as comunicações espirituais, a magnitude da reencarnação, a convivência com o bem e a sintonia com o inefável amor de nosso Pai.
A Religião Cósmica do Amor, desse modo, no Espiritismo encontra o solo abençoado e fértil para apresentar-se e enflorescer-se, produzindo os frutos da felicidade a que todos aspiram, sem nenhuma desconsideração pelas demais que se fundamentem no Mandamento Maior, vivendo a tolerância e a caridade indiscriminadas.


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Espírito Joanna de Ângelis (página pisicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 13 de Junho de 2010, em Londres, Inglaterra)
Publicada na Revista Reformador de Outubro de 2010


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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CARTÃO DE VISITA


Em qualquer estudo da mediunidade, não podemos esquecer que o pensamento vige na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma.
Analisando-o, palidamente, tomemos a imagem da vela acesa, apesar de imprópria para as nossas anotações.
A vela acesa arroja de si fótons ou força luminosa.
O cérebro exterioriza princípios inteligentes ou energia mental.
Na primeira, temos a chama.
No segundo, identificamos a idéia.
Uma e outro possuem campos característicos de atuação, que é tanto mais vigorosa quanto mais se mostre perto do fulcro emissor.
No fundo, os agentes a que nos referimos são neutros entre si.
Imaginemos, no entanto, o lume conduzido.
Tanto pode revelar o caminho de um santuário, quanto a trilha de um pântano.
Tanto ajuda os braços do malfeitor na execução de um crime, quanto auxilia as mãos do benfeitor no levantamento das boas obras.
Verificamos, no símile, que a energia mental, inelutavelmente ligada à consciência que a produz, obedece à vontade.
E, compreendendo-se no pensamento a primeira estação de abordagem magnética, em nossas relações uns com os outros, seja qual for a mediunidade de alguém, é na vida íntima que palpita a condução de todo o recurso psíquico.
Observa, pois, os próprios impulsos.
Desejando, sentes.
Sentindo, pensas.
Pensando, realizas.
Realizando, atrais.
Atraindo, refletes.
E, refletindo, estendes a própria influência, acrescida dos fatores de indução do grupo com que te afinas.
O pensamento é, portanto, nosso cartão de visita.
Com ele, representamos ao pé dos outros, conforme nossos próprios desejos, a harmonia ou a perturbação, a saúde ou a doença, a intolerância ou o entendimento, a luz dos construtores do bem ou a sombra dos carregadores do mal.


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Do livro Seara dos Médiuns
Chico Xavier/Emmanuel


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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O CRISTO VITORIOSO


"Estava ali um homem, enfermo havia trinta e oito anos"

Havia em Jerusalém um tanque chamado Betesda, que, periodicamente, adquiria propriedades curativas, depois que um Anjo, ou Espírito Superior, descia e lhe agitava as águas, magnetizando-as.
Quem entrasse primeiro, uma vez agitadas as águas, ficava curado de qualquer doença.
Era natural, e bem humano, que ali se reunisse uma multidão de enfermos, esperando o momento exato em que o Celeste mensageiro deveria agitar o tanque, em nome das forças do bem.
Bem humana, também, era a disputa que se verificava, um procurando antecipar-se ao outro, pois, como era notório, quem primeiro entrasse ficaria curado.
Entre os doentes, naquele dia, encontrava-se um homem acometido de paralisia havia trinta e oito anos.
Um paralítico no meio de dezenas de paralíticos.
Jesus passava na direção do templo, para as festividades israelitas.
Vendo aquele homem no auge da ansiedade, perguntou-lhe: Queres ser curado?
E, ante a melancólica explicação do paralítico, de que não podia caminhar, diz-lhe o Mestre: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
O episódio sugere inúmeras considerações.
É de se notar, em principio, a espontaneidade de Jesus, no interesse por aquele enfermo, cuja atitude não foi igual à de outras personagens beneficiadas pelo Senhor.
Bartimeu, por exemplo, o conhecido cego de Jericó, atraiu a atenção de Jesus com tremendo alarido: "Filho de David, tem misericórdia de mim", insistindo de tal modo que muitos o repreenderam.
E o Divino Amigo, compadecendo-se, restitui-lhe a visão corporal.
De outra vez, um homem coberto de chagas prostrou-se-lhe aos pés, suplicando: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me".
A mulher Siro-fenícia, cuja filha fora tomada por um espirito obsessor, pediu tanto a Jesus que a curasse, que os discípulos, irritados, rogavam ao Mestre: "Despede-a, pois vem chorando atrás de nós."
Mas Jesus, exaltando-lhe a fé, atendeu-a.
Com o paralítico do tanque das ovelhas, tudo se passou diferentemente, ele não reconhecera a Jesus, não lhe pedira que o curasse e não sabia que o Mestre por ali andava.
O que desejava, isso sim, era dar o mergulho salvador em primeiro lugar.
Ignorava que o Cristo podia curá-lo com um simples pensamento, com uma simples vibração, com um simples impulso de sua vontade.
Era paralítico e ninguém o conduzia ao tanque, eis a sua resposta, franca e sincera, ao ser interrogado por Jesus.
Por suas palavras, depreende-se que desejava apenas ajuda física: "Senhor, não tenho quem me ponha no tanque, quando a água é agitada, pois quando eu vou, desce outro antes de mim."
Houve então o gesto sublime, espontâneo, generoso, fraternal, divino...
"Levanta-te, toma o teu leito e anda."

O amor de Jesus transcende fronteiras, abrange o universo.
Limitado em suas expressões de fraternidade, pretende o homem, quase sempre, bitolar, medir, estereotipar o amor do Cristo, enclausurar-lhe a misericórdia, esquecido do:
"Tende por templo  -  O universo
Por imagem  -  Deus
Por lei  -  A caridade
Por altar  -  A consciência"
Situa-o, muita vez, entre as quatro paredes de uma igreja, de uma casa.
O fenômeno, contudo, é compreensivelmente humano e humanamente compreensível.
A irradiação do amor de Jesus envolve todos os seres que evolucionam nos círculos planetários e interplanetários, a não compreensão da excelsitude , da grandeza do Cristo reflete um grau evolutivo, traduz "uma visão".
Onde pulse um coração sincero, aí está Jesus, estendendo braços amigos, mãos generosas, como o fez com o doente do tanque.
Mesmo que esse coração ainda gravite noutros rumos evolutivos, polarizado por outras atrações, far-se-á Jesus presente, embora nem sempre possa ser percebido.
O que importa ao Cristo é curar, salvar, educar, restituir ao homem do mundo o que o homem do mundo perdeu: o endereço de Deus.

O paralítico de trinta e oito anos, simboliza o homem de boa vontade, o  homem que levou até o fim a sua cruz, o homem anônimo, cuja alma valorosa se esconde, muitas vezes num corpo imobilizado.
Retrata a multidão de aflitos que o mundo não conhece, mas que o percuciente olhar de Jesus alcança, cheio de amor.
O interesse do Mestre, restituindo-o á dinâmica da vida, representa confortadora retribuição a quantos perlustram com dignidade, os caminhos da Terra, arrostando dificuldades.
A cura do paralítico demonstra que a administração do mundo está, acima de tudo, com o Supremo Poder.
Revela que, dando a cada um segundo as suas obras, milhares de almas retomam a carruagem física, em processos de reajustes e aperfeiçoamento.
É que o Cristo permanece, vitorioso, no leme da embarcação terrestre, desde os primórdios da vida planetária, apascentando, com inexcedível ternura, as ovelhas que o Pai o confiou.


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Do livro Estudando o Evangelho
de Martins Peralva

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CASAMENTO E DIVÓRCIO


Como seria a vida conjugal de Romeu e Julieta, se os jovens apaixonados sobrevivessem à tragédia do amor proibido, assim retratado por Shakespeare, no famoso romance?
Apesar de se amarem tanto, o matrimonio seria realmente harmônico e longevo?
E se eles vivessem em nossa época, marcada pela revolução dos costumes?
Estariam livres dos problemas de uma vida a dois?
Temas como casamento e divórcio, relacionados à Lei de Reprodução, contida em O Livro dos Espíritos, das questões 695 a 697, sempre despertam reflexões importantes.
Nas eras primitivas, o consórcio entre os casais apresentava natureza semelhante ao dos animais irracionais, uma vez que prevalecia o estado de natureza, com a união promíscua e fortuita dos sexos, em que o ser humano não tinha o senso moral desenvolvido.
O advento do matrimônio inaugurou um dos primeiros estágios de progresso nas sociedades humanas, porque instituiu a solidariedade fraterna, pelo consenso de duas almas que se unem pelos sentimentos recíprocos de afeto e de amor para a assistência mútua e para a constituição da família.
A comunhão sexual entre as criaturas que, de fato, se candidatam à elevação moral, “traduz a permuta sublime das energias perispirituais, simbolizando alimento divino para a inteligência e para o coração e força criadora não somente de filhos carnais, mas também de obras e realizações generosas da alma para a vida eterna”.
A família é uma instituição sólida, que varou os milênios, porque é de origem divina, tal como o casamento, que se destina “não só à conservação da Humanidade, como também a oferecer aos Espíritos, que se unem no grupo familiar, apoio recíproco para suportarem as provas da existência”.
Buscando- se no espaço, os Espíritos programam reencarnações para, no mesmo grupo familiar, consaguíneo ou não, darem sequência a projetos redentores. Por tais motivos, não procede a opinião de que o casamento e a família estão condenados ao desaparecimento.
Muitos casamentos têm curta duração ou apresentam problemas de incompatibilidade entre os pares, porque, na atual fase evolutiva da Humanidade, a grande maioria das uniões conjugais sujeita-se à lei de causa e efeito, a qual reaproxima seres em ligações expiatórias ou provacionais, para dar continuidade a relacionamentos anteriores, proporcionando o resgate de erros pretéritos, com vistas à reabilitação e ao progresso moral.
Ultrapassada a fase de encantamento e afetividade que ocorre no início do união, a vida apresentará aos casados, nessas condições, certos desafios, de acordo com as necessidades de cada um.
Ignorando o clamor da consciência e desconhecendo a origem verdadeira de seus dramas, cujas raízes geralmente estão fincadas em reencarnações passadas, muitos cônjuges desertam dos compromissos assumidos, em nome do comodismo e da falsa liberdade.
Mal sabem que estão apenas adiando compromissos e que em futuras encarnações estarão sujeitos a recapitular experiências difíceis, talvez numa situação muito pior, ainda que em companhia de parceiros diferentes.
O casamento independe de formalismos, embora estes tenham sua utilidade do ponto de vista jurídico, mas o que prevalece mesmo é a união dos sentimentos do amor verdadeiro. Mola do progresso da Humanidade, cuja abolição teria por efeito “uma regressão à vida dos animais”, o matrimônio é compromisso que implica, obviamente, em responsabilidade de parte a parte.
Antes de fazerem uma escolha tão séria, os nubentes devem refletir maduramente, para que não venham a ser infelizes nem promovam a infelicidade de outras pessoas, principalmente dos filhos.
Inspirados na literatura espírita, erigimos a seguinte classificação para a vida a dois, a qual, sem ser absoluta, auxilia os casais a se auto analisarem, com vistas à superação dos problemas em comum: casamento de amor (afinidade máxima – almas em apurada sintonia: ditosos os raros casais que estiverem incluídos nesta categoria); casamento de fraternidade (casais felizes, bem entrosados, que superam os problemas com facilidade); casamento de sacrifício (em que há renúncia de um dos cônjuges, em geral mais evoluído, com o propósito de auxiliar na educação do Espírito retardatário); casamento acidental (uniões eventuais sem planejamento espiritual, em regra por interesses imediatistas, que não raro conduzem os parceiros a uma saturação mútua e a um isolamento que, em pouco tempo, deterioram a relação conjugal); casamento provacional (almas que se reencontram para reajustes necessários à evolução de ambos: nesta modalidade de união, não basta reparar o erro, suportar o cônjuge difícil; é preciso também superar barreiras, exercitar o amor, o carinho); e casamento expiatório (cônjuges com graves débitos no passado reencarnatório, de convivência difícil e problemática: fase que antecede o casamento provacional).
Terapeutas e psicólogos, com base em pesquisas bem orientadas, constataram que o casamento dura quando um admite que o outro tem qualidades e defeitos, hipótese em que é necessário aprender a “renunciar, suportar a existência de sentimentos contraditórios, tolerar”, e que “um dos momentos mais marcantes na relação duradoura é aquele em que, conscientemente ou não, o casal abdica do mito do parceiro ideal”.
Estudos antropológicos revelam também que “homens e mulheres pensam diferente, reagem diferente, têm diferentes expectativas, e, sem uma boa dose de compreensão e boa vontade mútuas, não há união que resista ao embate [das diferenças]”. 
No livro de auto-ajuda Homens são de Marte, mulheres são de Vênus, o terapeuta John Gray dedica-se a explicar algumas dessas diferenças, com o propósito de auxiliar os casais a se entenderem melhor.
Já a escritora espírita Dalva Silva Souza, conclui, na sua excelente obra Os Caminhos do Amor, que “o homem e a mulher, tanto na família quanto na sociedade, completam-se”, mas “o grande desafio está em se estabelecer uma interação harmoniosa que possibilite o equilíbrio”.
De fato, “o lar é o sagrado vértice no qual o homem e a mulher se encontram para o entendimento indispensável”, pois “é o templo onde as criaturas devem unir-se espiritual antes que corporalmente”. 
A superação desses problemas exige permanente trabalho de entrosamento entre os cônjuges, sob o pálio da caridade, consistente na compreensão, no perdão e na tolerância.
Estudando o Evangelho de Jesus, à luz dos ensinamentos do Espiritismo, o casal terá meios de detectar, com maior segurança, a origem de seus problemas e enfrentá-los com as armas da razão e do sentimento.
Para auxiliá-los nesse mister, a realização do Evangelho no Lar e as preces constituem, também, excelente terapêutica.
Inobstante as diferenças de personalidade entre o homem e a mulher, próprias das circunstâncias que os ligam ao corpo físico, não se olvide que, enquanto entidades espirituais, são rigorosamente iguais perante Deus e têm os mesmos direitos, tanto que podem reencarnar ora num sexo, ora em outro, condição em que, por força das leis naturais, exercem funções diferentes.
Como adverte o Espírito Emmanuel,“ partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas”.
Contudo, o divórcio “não é contrário à lei de Deus, pois apenas reforma o que os homens fizeram e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina”.
Portanto, é um erro considerar a indissolubilidade do casamento uma lei natural, uma vez que “o divórcio é lei humana que tem por fim separar legalmente o que já está,
de fato, separado”.
Nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento, ao afirmar: “foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu que despedísseis as vossas mulheres”.
Muitas vezes, a separação é até mesmo necessária, para evitar que a experiência a dois se transforme numa tragédia e que um dos cônjuges ou ambos agravem os débitos contraídos em encarnações anteriores.
Em nosso Planeta de provas e expiações, o amor ainda é obra em andamento, que não se constrói com meras afirmações verbais.
Daí a necessidade das reencarnações, com o seu cortejo de experiências,a consolidar em nós, etapa por etapa, as virtudes que nos faltam para vivenciarmos integralmente as lições do Evangelho de Jesus, que nos legou exemplo inesquecível, independente do sexo e do estado civil das pessoas: “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”.
Que possamos, cada vez mais, enobrecer o casamento, contribuindo para o fortalecimento moral da família e da sociedade e preparando a Terra do futuro, para a vivência de elos de fraternidade pura, como já acontece nos mundos superiores.


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Christiano Torchi
Revista Reformador nº 2179 - Outubro de 2010


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sábado, 16 de outubro de 2010

EVITANDO OBSESSÕES


Não deixe de sonhar, mas enfrente suas realidades no cotidiano.

Reduza suas queixas ao mínimo, quando não possa dominá-las de todo.

Fale tranquilizando a quem ouve.

Deixe que os outros vivam a existência deles, tanto quanto você deseja viver a existência que Deus lhe deu.

Não descreia do poder do trabalho.

Nunca admita que o bem possa ser praticado sem dificuldade.

Cultive a perseverança, na direção do melhor, jamais a teimosia em pontos de vista.

Aceite suas desilusões com realismo, extraindo delas o valor da experiência, sem perder tempo com lamentações improdutivas.

Convença-se de que você somente solucionará os seus problemas se não fugir deles.

Recorde que decepções, embaraços, desenganos e provações são marcos no caminho de todos e que, por isso mesmo, para evitar o próprio enfaixamento na obsessão o que importa não é o sofrimento que nos visite e sim a nossa reação pessoal diante dele.


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Do livro Paz e Renovação
Chico Xavier/Espíritos Diversos

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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CONSEQUÊNCIAS DO PASSADO - Parte II


11. Que acontece aos que impelem o próximo à falência moral?
- Se instilamos viciação e criminalidade em companheiros do caminho, asfixiando-lhes as melhores esperanças na desencarnação prematura, é certo que se corporificarão, de novo, na Terra, ao nosso lado, a fim de que lhes prestemos concurso imprescindível à reeducação, na pauta dos compromissos em que nos enredamos, ao precipitá-los nos enganos terríveis de que buscam desvencilhar-se, abatidos e desditosos.
Nas mesmas circunstâncias, carreamos em nós, enraizados nas forças profundas da mente, os bens ou os males que cultivamos.

12. E o que acontece aos desencarnados que malbarataram os tesouros da emoção e da idéia?
- Quando desencarnados não fugimos à lei de causa e efeito.
Se malbaratamos os tesouros das emoções  e dos pensamentos na Terra, deambulamos nas esferas espirituais por doentes da alma, que a perturbação ensandece, fadados a reaparecer no plano carnal com as enfermidades consequentes, a se entranharem nos tecidos orgânicos, que nos compõem a vestimenta física.

13. E àqueles que se entregam aos desequilíbrios do sexo?
- Nessas condições, o porvir esboça-se, nebuloso, apontando-nos graves lições de refazimento e resgate.
Se abraçamos desequilíbrios de sexo, agravados com padecimentos alheios por nossa conta, aguentamos inibições genésicas, muitas vezes, com o cansaço precoce e a distrofia muscular, a epilepsia e o câncer, de permeio.

14. E àqueles que perpetram crimes?
- Se perpetramos crimes na pessoa dos nossos semelhantes, ei-nos à frente de mutilações dolorosas.

15. E áqueles que se entregam às extravagâncias da mesa?
- Arcamos com ulcerações e gastralgias que persistem tanto tempo quanto se nos perdurem as alterações do veículo espiritual.

16. E àqueles que se afeiçoam ao alcoolismo?
- Se nos afeiçoamos ao alcoolismo ou ao abuso de entorpecentes, somos induzidos à loucura ou à idiotia seja onde for.

17. E àqueles que se empenham em delitos de maledicência e calúnia?
- Atravessam vastos períodos de surdez ou mudez, precedidas ou seguidas por distonias correlatas.

18. As consequências de nossos erros se verificam apenas na forma de doenças comuns?
- Não! Além disso, é preciso contar com probabilidade da obsessão, porquanto, cada vez que ofendemos os que nos partilham a marcha, atraímos, em prejuízo próprio, as vibrações de revolta ou desespero daqueles que se categorizam por vítimas de nossas ações impensadas.

19. Qual deve ser a nossa atitude perante as provas da vida?
- Diante das provas inquietantes que se demoram conosco, aprendamos a refletir, para auxiliar, melhorar, amparar e servir aqueles que nos cercam.

20. Quais as relações entre o presente, o passado e o futuro?
- Todos estamos no presente, com o ensejo de construir o futuro, mas envolvidos nas consequências do passado que nos é próprio.
Isso porque tudo aquilo que a criatura semeie, isso mesmo colherá.



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Do livro Leis de Amor - pelo espírito Emmanuel

Psicografia - Chico Xavier/Waldo Vieira

 




domingo, 10 de outubro de 2010

CONSEQUÊNCIAS DO PASSADO - Parte I


1. Como podemos compreender os resultados de nossas existências anteriores?
- Para compreender os resultados de existências anteriores, basta que o homem observe as próprias tendências, lutas e provas.

2. Como entender, na essência, as dívidas ou vantagens que trazemos de existências passadas?
- Estudos que efetuamos corretamente, ainda que terminados há longo tempo, asseguram-nos títulos profissionais respeitáveis.
Faltas praticadas deixam azeda sucata de dores na consciência, pedindo reparação.
Se plantamos preciosa árvore, desde muito, é natural venhamos surpreendê-la, carregada de utilidades e frutos para os outros e para nós.
Se nos empenhamos num débito, é justo suportemos a preocupação de pagar.

3. Qual a lição que as horas nos ensinam?
- Meditemos a simples lição das horas.
Comumente, durante a noite, o homem repousa e dorme, em sobre vindo a manhã, desperta e levanta-se com os bens ou com os males que haja procurado para si mesmo, no transcurso da véspera.
Assim, a vida e a morte, na lei da reencarnação que rege o destino.

4. Qual a situação moral da alma no túmulo e no berço?
- No túmulo, a alma, ainda vinculada ao crescimento evolutivo, entra na posse das alegrias e das dores que amontoou sobre a própria cabeça, no berço, acorda e retoma o arado da experiência, nos créditos que lhe cabe desenvolver, e nos débitos que está compelido a resgatar.

5. Em síntese, onde permanece, espiritualmente, a criatura reencarnada?
- Cada criatura reencarnada, permanece nas derivantes de tudo o que fez consigo e com o próximo.

6. Qual a explicação lógica das enfermidades congênitas?
- Os grandes delitos operam na alma estados indefiníveis de angústia e choque, daí nascendo a explicação lógica das enfermidades congênitas, ás vezes inabordáveis a qualquer tratamento.

7. O que ocorre aos suicidas nas vidas ulteriores?
- Suicidas que estouraram o crânio ou que se entregaram ao enforcamento, depois de prolongados suplícios , nas regiões purgatoriais, frequentemente, após diversos tentames frustrados de renascimento, readquirem o corpo de carne, mas transportam nele as deficiências do corpo espiritual, cuja harmonia desajustaram.
Nessa fase, exibem cérebros retardados ou moléstias nervosas obscuras.

8. E os protagonistas de tragédias passionais?
- Protagonistas de tragédias passionais, violentas e obscuras, criminosos de guerra, aproveitadores de lutas civis, que manejam a desordem para acobertar interesses escusos, exploradores do sofrimento humano, caluniadores, empreiteiros do aborto e da devassidão e malfeitores outros, que a justiça do mundo não conseguiu cadastrar, voltam à reencarnação em tribulações compatíveis com os débitos que assumiram e, muitas vezes, junto das próprias vítimas, sob o mesmo teto, marcados por idênticos laços consanguineos, tolerando-se mutuamente, até a solução dos enigmas que criaram contra si mesmos, atentos ao reequilíbrio de que se vêem necessitados, ou sofrem a pena do resgate preciso em desastres dolorosos, integrando o quadro inquietante dos acidentes em que se desdobre o resgate do espírito reencarnado, seja nos transes individuais ou nas provações coletivas.

9. E aos cúmplices de erros e enganos?
- As grandes dificuldades não caem exclusivamente sobre os suicidas e homicidas comuns.
Quantos se fizeram instrumentos diretos ou indiretos das resoluções infelizes que adotaram, são impelidos a recebe-los nos próprios braços, ofertando-lhes o recinto doméstico por oficina de regeneração.

10. O que ocorre àqueles que provocaram o suicídio de alguém?
- Se levianamente provocamos o suicídio de alguém, é possível que tenhamos esse mesmo alguém, muito em breve, na condição de um filho-problema ou de um familiar padecente, requisitando-nos auxílio, na medida das responsabilidades que assumimos, na falência a que se arrojou.


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Do livro Leis de Amor - pelo espírito Emmanuel
Psicografia - Chico Xavier/Waldo Vieira


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sábado, 2 de outubro de 2010

LIVRO MEDIÚNICO DE ARCEBISPO CATÓLICO


Recentemente foi lançado no mercado cultural um livro mediúnico trazendo as reflexões de um Padre depois da morte, atribuído, justamente, ao Espírito Dom Helder Camara, Bispo Católico, Arcebispo emérito de Olinda e Recife, tambem conhecido como o "Santo Rebende", desencarnado no dia 28 de agosto de 1999 em Recife, Pernambuco.
O livro psicografado pelo médium Carlos Pereira, da Sociedade Espírita Ermance Dufaux, de Belo Horizonte, causou muita surpresa no meio espírita e grande polêmica entre os católicos.
O que causou mais espanto entre todos foi a participação de Marcelo Barros, Monge Beneditino e Teólogo, que durante nove anos foi secretário de Dom Helder Câmara, para a relação ecumênica com as igrejas cristãs e as outras religiões.
Marcelo Barros secretariou Dom Helder Câmara no período de 1966 a 1975 e tem 30 livros publicados.
Ao prefaciar o livro Novas Utopias, do Espírito Dom Helder, reconhecendo a autenticidade do comunicante, pela originalidade de suas idéias e, também, pela linguagem, é como se a Igreja Católica viesse a público reconhecer o erro no qual incorreu muitas vezes, ao negar a veracidade do fenômeno da comunicação entre vivos e mortos, e desse ao livro de Carlos Pereira, toda a fé necessária como o Imprimatur do Vaticano.
É importante destacar,ainda, que os direitos autorais do livro foram divididos em partes iguais, na doação feita pelo médium, à Sociedade Espírita Ermance Dufaux e ao Instituto Dom Helder Câmara, de Recife, o que aliás, foi aceito pela instituição católica, sem nenhum constrangimento.
No prefácio do livro aparece também o aval do filósofo e teólogo Inácio Strieder e a opinião favorável da historiadora e pesquisadora Jordana Gonçalves Leão, ambos ligados a Igreja Católica.
Conforme eles mesmos disseram, essa obra talvez não seja uma produção direcionada aos espíritas, que já convivem com o fenômeno da comunicação, desde a codificação do Espiritismo; mas, para uma grandiosa parcela da população dentro da militância católica, que é chamada a conhecer a verdade espiritual, porque "os tempos são chegados"; estes ensinamentos pertencem à natureza e, conseqüentemente, a todos os filhos de Deus.
A verdade espiritual não é propriedade dos espíritas ou de outros que professam estes ensinamentos e, talvez, porque, tenha chegado o momento da Igreja Católica admitir, publicamente, a existência espiritual, a vida depois da morte e a comunicação entre os dois mundos.
Na entrevista com Dom Helder Câmara, realizada pelos editores, o Espírito comunicante respondeu as seguintes perguntas sobre a vida espiritual:


-Dom Helder, mesmo na vida espiritual, o senhor se sente um padre?
-Não poderia deixar de me sentir padre, porque minha alma, mesmo antes de voltar, já se sentia padre. Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre.
Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo, mas continuo firme junto aos meus irmãos de Clero a contribuir, naquilo que me seja possível,para o bem da humanidade.


-Do outro lado da vida o senhor tem alguma facilidade a mais para realizar seu trabalho exprimir seu pensamento, ou ainda encontra muitas barreiras com o preconceito religioso?
-Encontramos muitas barreiras. As pessoas que estão do lado de cá reproduzem o que existe na Terra. Os mesmos agrupamentos que se formam aqui se reproduzem na Terra. Nós temos as mesmas dificuldades de relacionamento, porque os pensamentos continuam firmados, cristalizados em determinados pontos que não levam a nada.Mas, a grande diferença é que por estarmos com a vestimenta do espírito, tendo uma consciência mais ampliada das coisas podemos dirigir os nossos pensamentos de outra maneira e assim influenciar aqueles que estão na Terra e que vibram na mesma sintonia.


-Como o senhor está auxiliando nossa sociedade na condição de desencarnado?
-Do mesmo jeito. Nós temos as mesmas preocupações com aqueles que passam fome, que estão nos hospitais, que são injustiçados pelo sistema que subtrai liberdades, enriquece a poucos e colocam na pobreza e na miséria muitos; todos aqueles desvalidos pela sorte. Nós juntamos a todos que pensam semelhantemente a nós, em tarefas enobrecedoras, tentando colaborar para o melhoramento da humanidade.


-Como é sua rotina de trabalho?
-A minha rotina de trabalho é, mais ou menos, a mesma. Levanto-me, porque aqui também se descansa um pouco, e vamos desenvolver atividades para as quais nos colocamos à disposição. Há grupos que trabalham e que são organizados para o meio católico, para aqueles que precisam de alguma colaboração. Dividimo-nos em grupos e me enquadro em algumas atividades que faço com muito prazer.


-Qual foi a sua maior tristeza depois de desencarnado? E qual foi a sua maior alegria?
-Eu já tinha a convicção de que estaria no seio do Senhor e que não deixaria de existir. Poder reencontrar os amigos, os parentes, aqueles aos quais devotamos o máximo de nosso apreço e consideração e continuar a trabalhar, é uma grande alegria. A alegria do trabalho para o Nosso Senhor Jesus Cristo.


-O senhor, depois de desencarnado, tem estado com freqüência nos Centros Espíritas?
-Não. Os lugares mais comuns que visito no plano físico são os hospitais; as casas de saúde; são lugares onde o sofrimento humano se faz presente. Naturalmente vou à igreja, a conventos, a seminários, reencontro com amigos, principalmente em sonhos, mas minha permanência mais freqüente não é na casa espírita.


-O senhor já era reencarnacionista antes de morrer?
-Nunca fui reencarnacionista, diga-se de passagem. Não tenho sobre este ponto um trabalho mais desenvolvido porque esse é um assunto delicado, tanto é que o pontuei bem pouco no livro. O que posso dizer é que Deus age conforme a sua sabedoria sobre as nossas vidas e que o nosso grande objetivo é buscarmos a felicidade mediante a prática do amor. Se for preciso voltar a ter novas experiências, isso será um processo natural.


-Qual é o seu objetivo em escrever mediunicamente?
-Mudar, ou pelo menos contribuir para mudar, a visão que as pessoas têm da vida, para que elas percebam que continuamos a existir e que essa nova visão possa mudar profundamente a nossa maneira de viver.


-Qual foi a sensação com a experiência da escrita mediúnica?
-Minha tentativa de adaptação a essa nova forma de escrever foi muito interessante, porque, de início, não sabia exatamente como me adaptar ao médium para poder escrever. É necessário que haja uma aproximação muito grande entre o pensamento que nós temos com o pensamento do médium. É esse o grande problema de todos nós porque o médium precisa expressar aquilo que estamos intuindo a ele. No início foi difícil, mas aos poucos começamos a criar uma mesma forma de expressão e de pensamento, aí as coisas melhoraram. Outros (médiuns) pelos quais tento me comunicar enfrentam problemas semelhantes.


-Foi uma surpresa saber que poderia se comunicar pela escrita mediúnica?
-Não. Porque eu já sabia que muitas pessoas portadoras da mediunidade faziam isso. Eu apenas não me especializei, não procurei mais detalhes, deixei isso para depois, quando houvesse tempo e oportunidade.


-Imaginamos que haja outros padres que também queiram escrever mediunicamente, relatarem suas impressões da vida espiritual. Por que Dom Helder é quem está escrevendo?
-Porque eu pedi. Via-me com a necessidade de expressar aos meus irmãos da Terra que a vida continua e que não paramos simplesmente quando nos colocam dentro de um caixão e nos dizem "acabou-se". Eu já pensava que continuaria a existir, sabia que haveria algo depois da vida física. Falei isso muitas vezes. Então, senti a necessidade de me expressar por um médium quando estivesse em condições e me fossem dadas as possibilidades. É isto que eu estou fazendo.


-Outros padres, então, querem escrever mediunicamente em nosso País?
-Sim. E não poucos. São muitos aqueles que querem usar a pena mediúnica para poder expressar a sobrevivência após a vida física. Não o fazem por puro preconceito de serem ridicularizados, de não serem aceitos, e resguardam as suas sensibilidades espirituais para não serem colocados numa situação de desconforto. Muitos padres, cardeais até, sentem a proteção espiritual nas suas reflexões, nas suas prédicas, que acreditam ser o Espírito Santo, que na verdade são os irmãos que têm com eles algum tipo de apreço e colaboram nas suas atividades.

-Como o senhor se sentiu em interação com o médium Carlos Pereira?
-Muito à vontade, pois havia afinidade, e porque ele se colocou à disposição para o trabalho. No princípio foi difícil juntar-me a ele por conta de seus interesses e de seu trabalho. Quando acertamos a forma de atuar, foi muito fácil, até porque, num outro momento, ele começou a pesquisar sobre a minha última vida física. Então ficou mais fácil transmitir-lhe as informações que fizeram o livro.


-O senhor acredita que a Igreja Católica irá aceitar suas palavras pela mediunidade?
-Não tenho esta pretensão. Sabemos que tudo vai evoluir e que um dia,inevitavelmente, todos aceitarão a imortalidade com naturalidade, mas é demais imaginar que um livro possa revolucionar o pensamento da nossa Igreja. Acho que teremos críticas, veementes até, mas outros mais sensíveis admitirão as comunicações. Este é o nosso propósito.


-É verdade que o senhor já tinha alguns pensamentos espíritas quando na vida física?
-Eu não diria espírita; diria espiritualista, pois a nossa Igreja, por si só, já prega a sobrevivência após a morte. Logo,fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma conseqüência natural. Pensamentos espíritas não eram, porque não sou espírita. Sem nenhum tipo de constrangimento em ter negado alguns pensamentos espíritas, digo que cheguei a ter, de vez em quando, experiências íntimas espirituais.


Igreja - Há as mesmas hierarquias no mundo espiritual?
-Não exatamente, mas nós reconhecemos os nossos irmãos que tiveram responsabilidades maiores e que notoriamente tem um grau evolutivo moral muito grande. Seres do lado de cá se reconhecem rapidamente pela sua hombridade, pela sua lucidez, pela sua moralidade.Não quero dizer que na Terra isto não ocorra, mas do lado de cá da vida isto é tudo mais transparente; nós captamos a realidade com mais intensidade. Autoridade aqui não se faz somente com um cargo transitório que se teve na vida terrena, mas, sobretudo, pelo avanço moral.


-Qual seu pensamento sobre o papado na atualidade?
-Muito controverso esse assunto. Estar na cadeira de Pedro, representando o pensamento maior de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma responsabilidade enorme para qualquer ser humano. Então fica muito fácil, para nós que estamos de fora, atribuirmos para quem está ali sentado, algum tipo de consideração. Não é fácil. Quem está ali tem inúmeras responsabilidades, não apenas materiais, mas descobri que as espirituais ainda em maior grau. Eu posso ter uma visão ideológica de como poderia ser a organização da Igreja; defendi isso durante minha vida. Mas tenho que admitir, embora acredite nesta visão ideal da Santa Igreja, que as transformações pelas quais devemos passar merecem cuidado, porque não podemos dar sobressaltos na evolução. QueiraDeus que o atual Papa Ratzinger (Bento XVI) possa ter a lucidez necessária para poder conduzir a Igreja ao destino que ela merece.


-O senhor teria alguma sugestão a fazer para que a Igreja cumpra seu papel?
-Não preciso dizer mais nada. O que disse em vida física, reforço. Quero apenas dizer que quando estamos do lado de cá da vida, possuímos uma visão mais ampliada das coisas. Determinados posicionamentos que tomamos, podem não estar em seu melhor momento de implantação, principalmente por uma conjuntura de fatores que daqui percebemos. Isto não quer dizer que não devamos ter como referência os nossos principais ideais e, sempre que possível, colocá-los em prática.


-Espíritas no futuro?
-Não tenho a menor dúvida. Não pertencem estes ensinamentos a nossa Igreja, ou de outros que professam estes ensinamentos espirituais. Portanto, mais cedo ou mais tarde, a nossa Igreja terá que admitir a existência espiritual, a vida depois da morte, a comunicação entre os dois mundos e todos os outros princípios que naturalmente decorrem da vida espiritual.


-Quais são os nomes mais conhecidos da Igreja que estão cooperando com o progresso do Brasil no mundo espiritual?
-Enumerá-los seria uma injustiça, pois há base em todas as localidades. Então, dizer um nome ou outro seria uma referência pontual porque há muitos, que são poucos conhecidos, mas que desenvolvem do lado de cá da vida um trabalho fenomenal e nós nos engajamos nestas iniciativas de amor ao próximo.


Amor - Que mensagem o senhor daria especificamente aos católicos agora, depois da morte?
-Que amem, amem muito, porque somente através do amor vai ser possível trazer um pouco mais de tranqüilidade à alma. Se nós não tentarmos amar do fundo dos nossos corações, tudo se transformará numa angústia profunda. O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade.


-Que mensagem o senhor deixaria para nós espíritas?
-Que amem também, porque não há divisão entre espíritas e católicos ou qualquer outra crença no seio do Senhor. Não há. Essa divisão é feita por nós, não pelo Criador. São aceitáveis porque demonstram diferenças de pontos de vista, no entanto, a convergência é única, aqui simbolizada pela prática do amor, pois devemos unir os nossos esforços.


-Que mensagem o senhor deixaria para os religiosos de uma maneira geral?
-Que amem. Não há outra mensagem senão a mensagem do amor. Ela é a única e principal mensagem que se pode deixar".



Livro: Novas Utopias
Autor: Dom Helder Câmara (espírito)
Médium: Carlos Pereira
Editora: Dufaux


"...quando dou pão aos pobres, chamam-me de santo, quando pergunto pelas causas da pobreza,  me chamam de comunista..." (Dom Helder Camara)*







Artigo recebido do Blog de Espiritismo
http://blog-espiritismo.blogspot.com/


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domingo, 19 de setembro de 2010

A DESGRAÇA REAL


Toda a gente fala da desgraça,  toda a gente já a sentiu e julga conhecer-lhe o caráter múltiplo.  Venho eu dizer-vos que quase toda a gente se engana e que a desgraça real não é, absolutamente, o que os homens, isto é, os desgraçados , o supõem.
Eles a vêem na miséria, no fogão sem lume, no credor que ameaça, no berço de que o anjo sorridente desapareceu, nas lágrimas, no féretro que se acompanha de cabeça descoberta e com o coração despedaçado, na angústia da traição, na desnudação do orgulho que desejara envolver-se em púrpura e mal oculta a sua nudez sob os andrajos da vaidade.
A tudo isso e a muitas coisas mais se dá o nome de desgraça, na linguagem humana.
Sim, é desgraça para os que só vêem o presente; a verdadeira desgraça, porém, está nas consequências de um fato, mais do que o próprio fato.  Dizei-me se um acontecimento, considerado ditoso na ocasião, mas que acarreta consequências funestas, não é, realmente, mais desgraçado que outro que a príncipio causa viva contrariedade e acaba produzindo o bem.
Dizei-me se a tempestade que vos arranca as árvores, mas que saneia o ar, dissipando os miasmas insalubres que causariam a morte, não é antes uma felicidade do que uma infelicidade?
Para julgarmos de qualquer coisa, precisamos ver-lhe as consequências.  Assim, para bem apreciarmos o que, em realidade, é ditoso ou inditoso para o homem, precisamos transportar-nos para além desta vida, porque é lá que as consequências se fazem sentir.
Ora, tudo o que se chama infelicidade, segundo as acanhadas vistas humanas, cessa com a vida corporal e encontra a sua compensação na vida futura.
Vou revelar-vos a infelicidade sob uma nova forma, sob a forma bela e florida que acolheis e desejais com todas as veras de vossas almas iludidas.
A infelicidade é a alegria, é o prazer, é o tumulto, é a vã agitação, é a satisfação louca da vaidade, que fazem calar a consciência, que comprimem a ação do pensamento, que atordoam o homem com relação ao seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento que ardentemente procurais conseguir.
Esperai, vós que chorais!  Tremei, vós que rides, pois que o vosso corpo está satisfeito!  A Deus não se engana; não se foge ao destino; e as provações, credoras mais impiedosas que a matilha que a miséria desencadeia, vos espreitam o repouso ilusório para vos imergir de súbito na agonia da verdadeira infelicidade, daquela que surpreende a alma amolentada pela indiferença e pelo egoísmo.
Que, pois, o Espiritismo vos esclareça e recoloque, para vós, sob verdadeiros prismas, a verdade e o erro, tão singularmente deformados pela vossa cegueira!
Agireis então como bravos soldados que, longe de fugirem ao perigo, preferem as lutas dos combates à paz que lhes não pode dar glória, nem promoção!
Que importa ao soldado perder na refrega armas, bagagens e uniforme, desde que saia vencedor e com glória?
Que importa ao que tem fé no futuro deixar no campo de batalha da vida a riqueza e o manto de carne, conquanto que sua alma entre gloriosa no reino celeste?


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Delfina de Girardin - Paris/1861
O Evangelho Segundo o Espiritismo


domingo, 12 de setembro de 2010

HISTÓRIA DE UM PÃO


Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.
A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos.
Viu ele, então baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.
Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.
E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros de infância...
Todavia, entre estes encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.
Barsabás entregou-se às lágrimas, de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas.
Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.
Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.
Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.
Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o ministro espiritual que velava no pórtico.
Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:
- Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra...
- Ai de mim, soluçou o desventurado, eu jamais fiz o bem...
- Em verdade, prosseguiu o informante, trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade, entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...
E apontou-lhe acanhada estrela que brilhava à feição de pequeno disco solar.
- Há 32 anos, disse, ainda, o instrutor, deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.
Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
- Jonakim, o enjeitado?
- Sim, ele mesmo, confirmou o missionário divino.
- Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.
E Barsabás acompanhou o tênue raio do fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se às alturas, encontrou-se numa carpintaria da própria Terra.
Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...
Era Jonakim, aos quarenta anos de idade.
Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar.

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Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.
Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.


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Livro O Espírito da Verdade
Chico Xavier pelo espírito Irmão X


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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DOENÇA É HERANÇA DE NOSSOS PAIS?




No passado, culturas materialistas, como a de Esparta, eliminavam deficientes físicos no nascedouro, pretendendo sustentar uma raça de guerreiros impecavelmente fortes e saudáveis.
Essa eugenia amoral está presente hoje nos modernos centros médicos, onde sofisticados exames, durante a gestação, determinam, quanto à conveniência de eliminar embriões "defeituosos", como se fossem peças de uma fábrica rejeitadas nos testes de qualidade.
O Espiritismo tem uma contribuição a nos oferecer, neste particular, demonstrando que crianças com problemas mentais e físicos são Espíritos em provação, enfrentando situações compatíveis com suas necessidades evolutivas e seus débitos cármicos.
Os pais, por sua vez, situam-se, geralmente, por parceiros ou mentores de seus delitos. Tem, por isso, o intransferível compromisso de ajudá-los nessas penosas jornadas de reabilitação.
O problema, portanto, não pode ser reduzido a simples acidente biológico. Embora as leis de genética estejam presentes no ato reencarnatório, não funcionam de forma casual. O mecanismo é causal. Não é o acaso que promove a combinação de elementos hereditários. A causa está nas vivências anteriores do reencarnante, que determinam a natureza de seu corpo, com as facilidades ou dificuldades que enfrentará.
Há casos em que os pais abortaram o feto que nasceria com problemas mentais, e numa nova tentativa o feto formou-se sem problemas, mas depois de alguns anos, contraiu meningite que deixou seqüelas mentais. Daí, os pais não tiveram coragem de descartá-lo, porque já aprenderam a amá-lo. É a lei perfeita de Deus agindo a nosso favor.

ENTÃO, DOENÇA NÃO É HERANÇA GENÉTICA?

A fatalidade hereditária funciona na composição da cor dos cabelos, da pele, dos olhos, da estrutura física, da morfologia. Quanto às questões envolvendo saúde, inteligência, vitalidade, o reencarnante tenderá a aproveitar os elementos genéticos compatíveis com suas necessidades e compromissos.
Recebemos de nossos genitores (pais) o material (genes) para uma nova moradia (corpo) e este será construido conforme a história que escrevemos em nosso passado, ou seja, nossa estrutura orgânica será compatível com nossas necessidades evolutivas. Nosso corpo será a colheita do nosso plantio.
Um indivíduo violento, sempre pronto a resolver "no braço" suas pendências, terá corpo frágil que inibirá seus impulsos agressivos. Ainda que reencarne em família de gente forte e saudável, ressurgirá na carne com educativas deficiências.
Geralmente, quem nasce cego dentro de uma família de cegos, é porque este espírito está aproveitando a herança genética daquela família para regastar, coletivamente, débitos do passado.

E OS QUE NASCEM SAUDÁVEIS EM FAMÍLIA COM SÉRIOS PROBLEMAS GENÉTICOS?

Neste caso chamamos de missão. É quando um Espírito reencarna com importante missão no seio de uma família que tende a gerar deficientes físicos, por exemplo, em virtude de problemas genéticos. Mas, pela natureza de suas tarefas, ele deve ter corpo saudável. Assim, técnicos da Espiritualidade atuando com segurança, selecionam o óvulo mais promissor, o espermatozóide mais adequado e promovem a fecundação, aproveitando da melhor forma possível os caracteres hereditários, favorecendo o reencarnante.
Então, missionário ou reeducando, tarefeiro ou aprendiz, teremos sempre o corpo, a saúde compatível com nossos compromissos, de acordo com os sábios desígnios de Deus, presentes até mesmo na folha que cai de uma árvore, como ensinava Jesus.


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Grupo de Estudos Allan Kardec
http://grupoallankardec.blogspot.com/


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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A PESSOA DO FUTURO


"Tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência" (O Livro dos Espíritos)

Muitas vezes, observando as características de uma criança, ficamos a imaginar o que a espera no futuro, as possíveis profissões para as quais poderá se inclinar, as dificuldades que terá, se aspectos da sua personalidade não forem corrigidos, e também o quanto será feliz, se algumas qualidades se mantiverem em sua conduta.
É também muito comum, numa espécie de devaneio, imaginar como estaremos no futuro ou pelo menos o que desejamos ser ou ter nos dias do amanhã e, conscientes do que precisa ser feito, nos esforçamos para a realização desses desejos.
Embora a sabedoria popular já tenha dito que "o futuro a Deus pertence", podemos pelos nossos esforços no bem preparar um amanhã mais ditoso, aqui ou no além, rompendo as repetições e condicionamentos que nos escravizam a um processo nitidamente neurótico.
Carl Rogers (1902-1987) psicólogo americano, humanista, escritor de vários livros e um dos precursores da psicologia transpessoal, ousou descrever quais seriam as características da pessoa do futuro a partir de seus largos estudos e observações como terapeuta, educador e pesquisador do comportamento humano.
Para ele a pessoa do futuro terá as seguintes características:

- Abertura
- Desejo de autenticidade
- Ceticismo em relação à ciência e à tecnologia
- Desejo de inteireza
- Desejo de intimidade
- Reconhecer-se sempre em processo evolutivo
- Dedicação
- Atitude em relação à natureza
- São pessoas anti-institucionais
- Autoridade interna
- Certa irrelevância aos bens materiais
- Anseio pelo espiritual

Estas 12 características nos suscitam vários questionamentos.
Um deles o de pensar se as famílias, centros espíritas e demais espaços educativos, em concordando com a visão de Rogers, estão preparados para a formação de um ser humano com este perfil.
Outra questão controversa é que ser anti-institucional pode ser também uma discordância da maneira pela qual as instituições se apresentam e se regulam e não uma oposição sistemática a toda e qualquer instituição.
Da mesma forma, ter ceticismo em relação à Ciência e à Tecnologia não significa negar sistematicamente os inúmeros benefícios que elas já puderam propiciar à Humanidade, mas questionar os interesses mercantilistas e hegemônico daqueles que delas se utilizam para lucrar, oprimir, aumentar a miséria, dominar com o poder do conhecimento, quando deveriam melhorar as condições de vida de todos os que se encontram na Terra.
A proposta de Rogers nos faz lembrar Allan Kardec quando este revela que a aristocracia do futuro será marcada por caracteres intelectuais e morais, isto é, que o ser humano do futuro utilizará a sua inteligência sempre de forma pacífica, benigna, a serviço do progresso coletivo.
A partir daí, começamos a pensar que esta oportuna síntese de Carl Rogers tem relação com a proposta espírita, com os caracteres do homem de bem, com a missão do homem inteligente na Terra, com a missão dos espíritas, em particular, e com a tarefa que nos cabe a todos como seres encarnados de um modo geral.
E que toda esta reflexão e ação deve ser permeada por uma necessidade constante de auto-conhecimento.
Não se trata de um exercício vazio de futurologia, mas de uma análise feita por um educador humanista do século XIX, sob a inspiração dos espíritos superiores, e de outra análise elaborada também por um educador, este do século XX, igualmente inspirada nas suas ricas e proveitosas experiências.
Que ambas nos façam refletir sobre como podemos empregar bem o nosso tempo, desenvolvendo em nós, agora no presente, as características da pessoa do futuro.


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Cezar Braga Said
Revista Reformador nº 2178 de Setembro de 2010


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terça-feira, 31 de agosto de 2010

ESPÍRITO E MATÉRIA


Não há efeito sem causa, o nada não poderia produzir coisa alguma.
Estão aí axiomas, isto é, verdades incontestáveis.
Ora, como se verifica em cada um de nós a existência de forças, de potências que não podem ser consideradas como materiais, há necessidade, para explicar sua causa, de remontar a outra origem  além da matéria, a esse princípio que designamos por alma ou espírito.
Quando, perscrutando-nos, queremos aprender a nos conhecer, a analisar as nossas faculdades, quando, afastando da nossa alma a escuma nela acumulada pela vida, o espesso invólucro de que os preconceitos, os erros, os sofismas revestiram a nossa inteligência, penetramos nos recessos mais íntimos do nosso ser e nos achamos então em face desses princípios augustos, sem os quais não há grandeza para a humanidade: o amor do bem, o sentimento da justiça e do progresso.
Esses princípios, que se encontram em graus diversos, no ignorante do mesmo modo que no homem de gênio, não podem proceder da matéria, que está desprovida de tais atributos.
E, se a matéria não possui essas qualidades, como poderia por si só formar os seres que estão com elas dotados?
O sentimento do belo e do verdadeiro, a admiração que experimentamos pelas obras grandes e generosas, teriam assim a mesma origem que a carne do nosso corpo e o sangue das nossas veias.
Entretanto, devemos antes considerá-los como reflexos de uma alta e pura luz que brilha em cada um de nós, do mesmo modo que o sol se reflete sobre as águas, estejam essas turvas ou límpidas.
Em vão se pretenderia que tudo fosse matéria. Pois quê! Somos suscetíveis de amor e bondade; amamos a virtude, a dedicação, o heroísmo, o sentimento da beleza moral está gravado em nós; a harmonia das leis e das coisas nos penetra, nos inebria; e nada de tudo isso nos distinguiria da matéria?
Sentimos, amamos, possuímos a consciência, a vontade e a razão, e procederíamos duma causa que não possui essas qualidades em nenhum grau, duma causa que não sente, não ama, nem conhece coisa alguma, que é muda e cega?
Superiores á força que nos produz, seríamos mais perfeitos e melhores do que ela.
Tal modo de ver não suporta um exame.
O homem participa de duas naturezas:
- Pelo seu corpo, pelos seus órgãos, deriva-se da matéria.
- Pelas suas faculdades intelectuais e morais, procede do Espírito.
Relativamente ao corpo humano, digamos ainda com mais exatidão que os órgãos componentes dessa máquina admirável são semelhantes a rodas incapazes de andar sem um motor, sem uma vontade que os ponha em ação.
Um terceiro elemento liga a ambos, transmitindo ao organismo as ordens do pensamento.
Esse elemento é o perispírito, matéria etérea que escapa aos nossos sentidos.
Ele envolve a alma, acompanha-a depois da morte nas suas peregrinações infinitas, depurando-se, progredindo com ela, constituindo para ela um corpo diáfano, vaporoso.
Mais adiante trataremos da existencia desse perispírito.
O espírito reside na matéria como um prisioneiro em sua cela; os sentidos são as fendas pelas quais se comunica com o mundo exterior.
Mas enquanto a matéria declina cedo ou tarde, se enfraquece e se desagrega, o espírito aumenta em poder e se fortifica pela educação e pela experiência.
Suas aspirações engrandecem, estende-se por além-túmulo, sua necessidade de saber, de conhecer, de viver, é sem limites.
Tudo isso mostra que o ser humano só temporariamente pertence á matéria.
O corpo não passa de um vestuário de empréstimo, de uma forma passageira, de um instrumento por meio do qual a alma prossegue neste mundo a sua obra de depuração e progresso.
A vida espiritual é a vida normal, verdadeira, sem-fim.

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Livro: O porquê da vida
Autor: Léon denis
Ed. FEB

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