O Brilhe a vossa Luz significa estimular o amor nos outros, porque em nós ele tem feito maravilhas; é inspirar humildade nos companheiros, pelo fato deles descobrirem em nossa conduta a coragem de sermos humildes; traduz-se na paz que ajudaremos a construir no próximo, a partir da que já se faz realidade em nosso íntimo; significa garantir a fé e a simpatia ao redor de nós pela vida convicta que levamos, com base nos valores abraçados como legítimos. (Vozes do Espirito)
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O CRISTO VITORIOSO
"Estava ali um homem, enfermo havia trinta e oito anos"
Havia em Jerusalém um tanque chamado Betesda, que, periodicamente, adquiria propriedades curativas, depois que um Anjo, ou Espírito Superior, descia e lhe agitava as águas, magnetizando-as.
Quem entrasse primeiro, uma vez agitadas as águas, ficava curado de qualquer doença.
Era natural, e bem humano, que ali se reunisse uma multidão de enfermos, esperando o momento exato em que o Celeste mensageiro deveria agitar o tanque, em nome das forças do bem.
Bem humana, também, era a disputa que se verificava, um procurando antecipar-se ao outro, pois, como era notório, quem primeiro entrasse ficaria curado.
Entre os doentes, naquele dia, encontrava-se um homem acometido de paralisia havia trinta e oito anos.
Um paralítico no meio de dezenas de paralíticos.
Jesus passava na direção do templo, para as festividades israelitas.
Vendo aquele homem no auge da ansiedade, perguntou-lhe: Queres ser curado?
E, ante a melancólica explicação do paralítico, de que não podia caminhar, diz-lhe o Mestre: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
O episódio sugere inúmeras considerações.
É de se notar, em principio, a espontaneidade de Jesus, no interesse por aquele enfermo, cuja atitude não foi igual à de outras personagens beneficiadas pelo Senhor.
Bartimeu, por exemplo, o conhecido cego de Jericó, atraiu a atenção de Jesus com tremendo alarido: "Filho de David, tem misericórdia de mim", insistindo de tal modo que muitos o repreenderam.
E o Divino Amigo, compadecendo-se, restitui-lhe a visão corporal.
De outra vez, um homem coberto de chagas prostrou-se-lhe aos pés, suplicando: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me".
A mulher Siro-fenícia, cuja filha fora tomada por um espirito obsessor, pediu tanto a Jesus que a curasse, que os discípulos, irritados, rogavam ao Mestre: "Despede-a, pois vem chorando atrás de nós."
Mas Jesus, exaltando-lhe a fé, atendeu-a.
Com o paralítico do tanque das ovelhas, tudo se passou diferentemente, ele não reconhecera a Jesus, não lhe pedira que o curasse e não sabia que o Mestre por ali andava.
O que desejava, isso sim, era dar o mergulho salvador em primeiro lugar.
Ignorava que o Cristo podia curá-lo com um simples pensamento, com uma simples vibração, com um simples impulso de sua vontade.
Era paralítico e ninguém o conduzia ao tanque, eis a sua resposta, franca e sincera, ao ser interrogado por Jesus.
Por suas palavras, depreende-se que desejava apenas ajuda física: "Senhor, não tenho quem me ponha no tanque, quando a água é agitada, pois quando eu vou, desce outro antes de mim."
Houve então o gesto sublime, espontâneo, generoso, fraternal, divino...
"Levanta-te, toma o teu leito e anda."
O amor de Jesus transcende fronteiras, abrange o universo.
Limitado em suas expressões de fraternidade, pretende o homem, quase sempre, bitolar, medir, estereotipar o amor do Cristo, enclausurar-lhe a misericórdia, esquecido do:
"Tende por templo - O universo
Por imagem - Deus
Por lei - A caridade
Por altar - A consciência"
Situa-o, muita vez, entre as quatro paredes de uma igreja, de uma casa.
O fenômeno, contudo, é compreensivelmente humano e humanamente compreensível.
A irradiação do amor de Jesus envolve todos os seres que evolucionam nos círculos planetários e interplanetários, a não compreensão da excelsitude , da grandeza do Cristo reflete um grau evolutivo, traduz "uma visão".
Onde pulse um coração sincero, aí está Jesus, estendendo braços amigos, mãos generosas, como o fez com o doente do tanque.
Mesmo que esse coração ainda gravite noutros rumos evolutivos, polarizado por outras atrações, far-se-á Jesus presente, embora nem sempre possa ser percebido.
O que importa ao Cristo é curar, salvar, educar, restituir ao homem do mundo o que o homem do mundo perdeu: o endereço de Deus.
O paralítico de trinta e oito anos, simboliza o homem de boa vontade, o homem que levou até o fim a sua cruz, o homem anônimo, cuja alma valorosa se esconde, muitas vezes num corpo imobilizado.
Retrata a multidão de aflitos que o mundo não conhece, mas que o percuciente olhar de Jesus alcança, cheio de amor.
O interesse do Mestre, restituindo-o á dinâmica da vida, representa confortadora retribuição a quantos perlustram com dignidade, os caminhos da Terra, arrostando dificuldades.
A cura do paralítico demonstra que a administração do mundo está, acima de tudo, com o Supremo Poder.
Revela que, dando a cada um segundo as suas obras, milhares de almas retomam a carruagem física, em processos de reajustes e aperfeiçoamento.
É que o Cristo permanece, vitorioso, no leme da embarcação terrestre, desde os primórdios da vida planetária, apascentando, com inexcedível ternura, as ovelhas que o Pai o confiou.
*
Do livro Estudando o Evangelho
de Martins Peralva
*
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário a respeito deste post aqui