Por que perdoar?
Pesquisas indicam que o ato de perdoar pode aplacar a tensão, reduzir a pressão sangüínea e diminuir a taxa de batimentos cardíacos. Portanto, é uma questão de saúde.
O perdão passou a ser investigado pela medicina. Os vários estudos em andamento seguem a tendência de analisar a influência das emoções na saúde.
Perdoar, imagina-se, livra o corpo de substâncias que só fazem mal. Essa tese faz parte do livro O poder do perdão de Luskin.
A intolerância quase sempre dá lugar à agressividade.
As decisões emocionais rebentam rápidas como torrentes.
Sem a participação do bom senso, são capazes de danificar a harmonia de muita gente.
Se nos examinarmos bem, chegamos à conclusão de que sempre poderemos ser mais tolerantes do que temos sido, habitualmente.
Porém, há coisas que socialmente são intoleráveis, como a violação dos direitos humanos ou a destruição do planeta, a pedofilia, a corrupção, etc.
Muitos "tolerantes" tíbios, eivados de preguiça e inconsciência, mantêm atitude de quem não está "para se chatear", porque isso dá trabalho e, às vezes, até, exige alguma abnegação, mas, isso é covardia!
Tolerância não é indiferença, nem conivência, nem timidez.
Pelo contrário, a tolerância pressupõe entendimento superior, sem orgulho ou vaidade; assenta-se na coragem esclarecida para beneficiamento de todos, inclusive dos adversários.
Um método corajoso de perdão foi colocado em prática por Mahatma Gandhi, o Satyagraha, isto é, conquistar o adversário, chamando, para si, o sofrimento, objetivando despertar a consciência moral daquele que se quer convencer de que o ato que pratica é impróprio.
É um método ousado de perdão, porque implica na tentativa de sensibilizar o agressor no sentido de reverter seu comportamento.
Jesus aconselhou amar os nossos inimigos no enfoque de não devolver com a mesma moeda aquilo que nos foi desferido. Oferecer, porém, a outra face (a face do bem), pois, assim, cortar-se-iam, pela raiz, os sentimentos de vingança.
Diante das agressões recebidas, o Cristo passava lições grandiosas, como aconteceu com o soldado que o esbofeteou quando estava de mãos amarradas. Sem perder a serenidade habitual, o Cristo olhou-o nos olhos e lhe perguntou: "se eu errei, aponta meu erro, mas se não errei, por que me bates?" Eis, aí, a verdadeira coragem.
O Mestre sofreu a ingratidão daqueles os quais havia ajudado, enfrentou o cinismo dos agressores, foi ultrajado, caluniado, cuspiram-Lhe no rosto e o crucificaram, e ele tomou uma única atitude: a do perdão.
Lembrou da importância de não se colocar limite ao ato de perdoar. "Se vosso irmão pecou contra vós, ide e falai-lhe sobre a falta em particular, entre vós e ele. Se vos ouvir, tereis ganhado um irmão."
Então, aproximando-se dele, Pedro disse: "Senhor, quantas vezes perdoarei meu irmão quando ele houver pecado contra mim? Será até sete vezes?" Jesus lhe respondeu: "Eu não digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete."
No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram". Jesus não quis dizer para deixarmos de reprimir o mal, mas para não pagar o mal com outro mal.
Perdão é o pagamento do mal com o Bem...
O perdão nivela os homens pelo que neles há de melhor, libertando quem perdoou dos maus sentimentos que o escravizavam a quem o feriu.
Mal por mal significa o eclipse absoluto da razão. "Por mais aflitiva seja a lembrança do adversário, recordemo-lo em nossas preces e nas meditações, por irmão necessitado de nossa assistência fraterna."
Ainda não readquirimos nossa memória integral do passado e nem sabemos o que nos ocorrerá no futuro.
Que seria da Humanidade se não existisse a paciência e a tolerância do Criador para com as criaturas imperfeitas e rebeldes que somos?
Perdoar é um ato inteligente, que nos liberta de outras ansiedades e perturbações que nem precisamos enfrentar.
Então!...Para quê guardar mágoa?
Jorge Hessen
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