sábado, 31 de julho de 2010

CAUSAS ESPIRITUAIS DAS DOENÇAS

 

1. O que estrutura espiritualmente o corpo de carne?

R. O corpo espiritual ou perispírito é o corpo básico, constituído de matéria sutil, sobre o qual se organiza o corpo de carne.

2. O erro de uma encarnação passada pode influir na encarnação presente, predispondo o corpo físico ás doenças? De que modo?

R. A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semimaterial do corpo espiritual. Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou destonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.

3. Quais os dois aspectos da justiça?

R. A justiça na Terra pune simplemente a crueldade manifesta, cujas consequencias transitam nas áreas do interesse público, dilapidando a vida; entretanto, esse é apenas o seu aspecto exterior, porque a justiça é sempre manifestação da Lei Divina, nos processos da evolução e nas atividades da consciência.

4. Qual a relação existente entre doenças e a justiça?

R. No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar a justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males que acalentamos.

5. O que faz o espírito, antes de reencarnar-se visando a própria melhoria?

R. Antes da reencarnação, nós mesmos, em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos imunizem, ante a possibilidade de reincidência nos erros em que estamos incursos.

6. Que pedem, para regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma?

R. Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogamos empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendencias ao desequilíbrio intelectual.

7. Que medidas de reabilitação rogam os artistas que corromperam a inteligencia?

R. Artistas, que intoxicamos a sensibilidade alheia com os abusos da representação viciosa, imploramos moléstias ou mutilações, que nos incapacitem para quedas em novas culpas.

8. Que emendas solicitam os oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra?

R. Tarefeiros da palavra, que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial.

9. Que providências retificadoras pedem para si próprios aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo?

R. Criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos as doenças e as inibições genéticas que em nos humilhando, servem por válvulas de contenção dos nossos impulsos inferiores.

10. Todas as enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo espírito do próprio enfermo, antes de renascer?

R. Nem sempre o espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstancias quais aquelas que se verificam no suicídio ou na delinquencia, caímos, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios.

11. Quais são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina?

R.Encontramos numerosos caos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, se mostram na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinquiram.

12. A mente invigilante pode instalar doenças no organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária?

R. A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de se arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitos destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; ou que passam todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando as funções dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas.

13. Qual a advertência de Jesus para que nos previnamos dos males do corpo e da alma?

R. Assinalando as causas distantes e próximas das doenças de agora, destacamos o motivo porque os ensinamentos da doutrina espírita nos fazem considerar, com mais senso de gravidade, a advertência do Mestre: "Orai e vigiai para não caírdes em tentação".


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Do livro Leis de Amor
Emmanuel/Chico Xavier e Waldo Vieira


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domingo, 25 de julho de 2010

DIVÓRCIO, SUICÍDIO E ABORTO - Parte 2 de 2


10. Quais são as piores consequencias das ligações carnais desditosas, além daquelas que se apresentam nos sofrimentos das frustrações ou lesões emotivas?

R. É forçoso observar que da afeição sexual descontrolada surgem muitas calamidades para a vida do espírito, dentre os quais destacaremos, a par da fascinação ou do ódio, nos problemas da obsessão, o suicídio e o aborto, como sendo as mais lastimáveis.

11. Como é interpretado o aborto nos planos superiores da vida espiritual?

R. O aborto provocado, mesmo diante dos regulamentos humanos que o permitem, é um crime perante as leis de DEUS.

12. Quais os resultados imediatos do aborto para as mães e pais que o praticam?

R. Praticando o aborto, mães e pais cruéis ou irresponsáveis afastam de si mesmos os recursos de reabilitação e felicidade que lhes iluminariam, mais tarde, os caminhos, seja impedindo a reencarnação de espíritos amigos que lhes garantiriam a segurança e o reconforto ou impedindo o renascimento de antigos desafetos, com os quais poderiam adquirir a própria tranquilidade pela solução de velhas contas.

13. O aborto oferece consequencias dolorosas especiais para a mãe?

R. O aborto oferece funestas intercorrencias para as mulheres que a ele se submetem, impelindo-as á desencarnação prematura, seja pelo câncer ou por outras moléstias de formação obscura, quando não se anulam em aflitivos processos de obsessão.

14. E para os pais?

R. Os pais que cooperam nos delitos do aborto, tanto quanto os ginecologistas que o favorecem, vêm a sofrer os resultados da crueldade que praticam, atraindo sobre as próprias cabeças os sofrimentos e os desesperos das próprias vítimas, relegadas por eles aos percalços e sombras da vida espiritual de esferas inferiores.

15. As criaturas que se suicidam em razão das desilusões encontradas nas ligações afetivas, agravam os sofrimentos de outrem, além dos sofrimentos que elas próprias encontram?

R. Muitos espíritos fracos, que por razão de infelicidade na afeição sexual atiram-se ao suicídio, encontram padecimentos gigantescos, como quem salta no escuro sobre precipícios de brasas, criando derivações de angústia para os causadores de semelhantes tragédias.

16. Os casos de suicídio nas uniões carnais infelizes agravam provas em casamentos futuros?

R. Quantos violam a passagem da morte, crendo erroneamente alcançar o repouso, nada mais encontram senão suplício e desespero, a gerarem, no âmago de si mesmos, os pavorosos conflitos, que apenas as reencarnações regenerativas conseguem remediar.
Saibamos tolerar com paciência as provações que o mundo nos ofereça, criando o bem sobre todos os males que nos cheguem das existências que já vivemos, na convicção de que fugir ao dever, por mais doloroso seja o dever que nos caiba, será sempre abraçar o pior. Em quaisquer atribulações ou dificuldades, a nossa obrigação individual é fazer o melhor ao nosso alcance para que o bem triunfe.

17. Que fazer para extinguir os males evidentes das ligações afetivas, inconsideradas e desditosas?

R. Em todos os departamentos da luta humana, os compromissos do passado reaparecem.
Indispensável revestir a alma de forças para vencer, em si mesma, os pontos vulneráveis que, em outro tempo, a fizeram cair.

18. Qual a direção pessoal que devemos adotar para vencer os dissabores do lar infeliz?

R. Evitemos o divórcio, tanto quanto possível, e combatamos o aborto e o suicídio com todos os recursos de raciocínio e esclarecimento de que possamos dispor.
- O divórcio adia o resgate.
- O aborto complica o destino.
- O suicídio agrava todos os sofrimentos.


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Do livro Leis de Amor/espírito Emmanuel
psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira


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terça-feira, 20 de julho de 2010

DIVÓRCIO, SUICÍDIO E ABORTO - Parte 1 de 2


1. Compreendendo-se que muitos casamentos resultam em uniões infelizes e, às vezes, até mesmo profundamente antipáticas, induzindo os cônjuges ao divórcio, como interpretar a fase de atração recíproca, repleta de alegria e esperança, que caracterizou o namoro e o noivado?

R. Qualquer pessoa que aspire a um título elevado passa pela fase de encantamento.  Esfalfa-se o professor pela ascensão à cátedra.  Conseguido o certificado de competência, é imperioso entregar-se ao estudo incessante para atender ás exigências do magistério.
Esforça-se o acadêmico pela conquista do diploma que lhe autorize o exercício da profissão liberal.  Laureado pela distinção sente-se compelido a trabalho infatigável, de modo a sustentar-se na respeitabilidade em que anela viver.
Assim também o matrimônio.

2. Como interpretar as contrariedades e desgostos domésticos?

R. O homem e a mulher aguardam o casamento, embalados na melodia do sonho, entretanto, atingida a convivência no lar, surgem as obrigações, decorrentes do pretérito, através do programa de serviço traçado para cada um de nós pela reencarnação, que nos compete a retomar, na intimidade, todos os nossos erros e desacertos.
Fácil dessa forma, reconhecer que todas as dificuldades domésticas são empeços, trazidos por nós próprios, das existências passadas.

3. De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso?

R. Marido faltoso é aquele mesmo homem que, um dia, inclinamos à crueldade e à mentira.

4. E a esposa desequilibrada?

R. Esposa desequilibrada é aquela mulher que, certa feita, relegamos à necessidade e à viciação.

5. Quem são os filhos-problemas?

R. Filhos-problemas são aqueles mesmos espíritos que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter e envenenando-lhes os ensinamentos.

6. Qual a função essencial do lar e da família?

R. No caminho familiar, purificam-se impulsos e renovam-se decisões.  Nele encontramos os estímulos ao trabalho e às tentações que nos comprovam as qualidades adquiridas, as alegrias que nos alentam e as dores que nos corrigem.

7. Como é encarado o divórcio nos planos superiores do espírito?

R. O divórcio conquanto às vezes necessário, não é caminho salvador quando lutas se agravem. Ninguém colhe flores do plantio de pedras.
Só o tempo consegue dissipar as sombras que amontoamos com o tempo. Só o perdão incondicional apaga as ofensas; apenas o bem extingue o mal.

8. Existem casos francamente insolvíveis nos casamentos desventurados; não será o divórcio o mal menor para evitar maiores males?

R. Muitos dizem que o divórcio é válvula de escape para evitar o crime, e não ousamos contestar. Casos surgem nos quais ele funciona, por medida lamentável, afastando males maiores, qual amputação que evita a morte, mas será sempre quitação adiada, à maneira de reforma no débito contraído

9. Por mais ríspidas se façam as lutas, no casamento, é melhor permanecer dentro delas?

R. Pagar é libertar-se, aprender é assimilara lição.


continua...


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Do livro Leis de Amor/espírito Emmanuel 
psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira 


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sábado, 10 de julho de 2010

REEQUILÍBRIO


A palavra tratamento, numa de suas mais justas acepções, significa processo de curar.
E existem tratamentos de vários modos.
Quando sofremos, por exemplo, os prejuízos da ignorância, buscamos o apoio da escola para que a instrução nos felicite com a luz do discernimento.
No dia da enfermidade, é forçoso recorrer à ciência médica, que se expressará em teu favor, através de medidas socorristas diversas.
Na solução de necessidades primárias da vida orgânica, quanto mais alto o gabarito da educação, mais imperioso se torna o concurso especializado.
Daí os quadros crescentes de higienistas, odontólogos, enfermeiros e assistentes sociais.
Ocorre o mesmo no reino do espírito, quanto a cura da alma.
Antes da reencarnação, a criatura que se vê defrontada por obrigações de resgate e reajuste, é levada espontâneamente ou não a renascer, junto dos companheiros de antigas faltas, a fim de granjear os recursos indispensáveis à própria quitação diante da lei.
Por essa razão, verificarás que não é difícil amar a humanidade em seu conjunto, mas nunca fácil harmonizar-se na organização doméstica, onde a vida nos transforma, transitoriamente, em instrutores particularizados uns dos outros.
É que o lar ou grupo de serviço, nas teias da consanguinidade ou da convivência, se erigem como sendo escolas de emenda, institutos de reabilitação ou pequenos sanatórios do sentimento, pontos-chave do processo para cada um de nós, porquanto, em casa ou no círculo íntimo, encontramos o lugar certo para o encontro exato com os parceiros difíceis de outros tempos.
Junto dos quais, durante o período da reencarnação, adquiriremos o tratamento espiritual que nos é indispensável à conquista do amor, a única força capaz de assegurar-nos a ascensão para a vida eterna.


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Emmanuel
Do livro Paz e Renovação, psicografado por Chico Xavier


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terça-feira, 6 de julho de 2010

O VALOR DA AMIZADE


“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos como amigos porque tudo o que ouvi de meu Pai tenho vos dado a conhecer”. (Jo 15.15)

A amizade sincera é verdadeiro campo onde podemos caminhar por entre as flores que nos faz repousar e seguir feliz nesta vida, em jornada de aperfeiçoamento.
É uma verdadeira bênção que suaviza os momentos difíceis, é segurança de um ombro companheiro que partilha nossas alegrias e tristezas.
É saber dar sem receber.
É abstrair o orgulho e o egoísmo nas relações interpessoais, no relacionamento de um com o outro.
A amizade é, sobretudo, bênção, pois a partir dela as pessoas realizam suas verdadeiras ações de benevolência e caridade, buscando a aplicação da fraternidade no sentido mais amplo.
Ela ampara e ajuda, trabalha junto, compreende, perdoa.
É o serviço que assegura a vitória do bem.
Jesus, quando da máxima acima reproduzida, assegura ser o amor recíproco o caminho para o reconhecimento daqueles que realmente desejam demonstrar que seguem seus ensinamentos.
A amizade fraterna exige amor recíproco porque é via de mão dupla e existe para se dar, amar, semear carinho, promover concórdia, aplicar união.
Muitas vezes na tarefa espírita esquecemos que estamos juntos para nos tornarmos uma família, uma grande e fraterna família.
Não raro nossas atividades do cotidiano nos levam ao egoísta processo do “não tenho tempo”.
Outras tantas vezes não nos dispomos a, simplesmente, olhar para o irmão que, tantas vezes necessita tanto de nosso amparo porque também ele, irmão e trabalhador espírita, está nesta passagem para aprender, amar, viver e, consequentemente, passar por problemas que nem sempre os tornam sementeiras da alegria.
Esquecemos de observar nosso irmão.
Aquele que está do nosso lado e que parece-nos sempre um amparo mas que nunca precisa de um ombro.
Kardec já dizia: “colocamos os fatos acima dos princípios”, desta forma alertanos para que não deixemos de considerar um ideal comum, pois esta atitude nos afastaria dos ensinamentos do Mestre.
A amizade não é mero sentimento.
A amizade não pode ser considerada como letra morta.
Ela é fraternidade ativa e somente com o exercício desta fraternidade e com a ação sem esperar retribuição é que podemos ter a emoção de não necessitar que o trabalhador espírita, o irmão, o companheiro, fale ou peça auxílio, mas sim que adivinhemos, pela atenção que lhe devemos dispensar, que está precisando de nós, pois ele também tem problemas.
Estas advertências nos valem não só para os companheiros de labor mas, especialmente, para os companheiros de jornada, pois quando procuramos assistir o próximo, reconhecemos a necessidade do trabalho em prol do outro.
Ter amizade é ter coração que ama e esclarece, que compreende e perdoa nas horas mais amargas da vida.
Ser amigo é ser um pouco Deus pois faz do amor fraterno a verdadeira lição de vida.
Mas o que é que faz com que uma amizade solidifique e se torne profunda é quando se é marcado por momentos de grande dor que fazem com que se descubra e firme uma sólida amizade.
A chave, portanto, é passar por um grave problema juntos.
Esta é uma situação em que se descobre a amizade, entretanto ela há de existir com sinceridade nos corações envolvidos para que se possa obter frutos saudáveis, amorosos e fraternos.
A amizade leal é a mais formosa modalidade do amor fraterno, que santifica os impulsos do coração.
Quem sabe ser amigo verdadeiro é, sempre, o emissário da ventura e da paz.

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Fonte - Boletim GEAE 543
por Vera Meira Bestene

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sábado, 3 de julho de 2010

A RENÚNCIA DA RENÚNCIA

Os espíritos costumam reverenciar a renúncia como uma das virtudes mais elevadas do ser.
Emmanuel dedicou um livro inteiro ao estudo dessa qualidade, mostrada em sua expressão mais sublime através das vivencias de Alcione e Carlos, na Paris do reinado de Luís XIV.
Uma leitura indispensável a quem deseja aprender a arte desse valor maior a ser conquistado pelo espírito imortal.
Diante de tão nobre virtude, podemos propor uma série de desafios ao ser humano, em face dos tempos em que a aferição de valores morais se faz imprescindível para a ascese fundamental.
Há quem torça pela renúncia do político corrupto. Há quem espere que ele reconheça a falcatrua cometida e devolva à sociedade o mandato que lhe foi confiado.
Há o filho que aguarda a renúncia do pai àquela velha postura autoritária e ultrapassada, de quem não é muito afeito ao diálogo e costuma impor o que bem lhe entende a quem lhe apareça pela frente, dentro de casa.
Mas há o pai que espera igualmente que o filho renuncie á inconseqüência, percebendo que chega uma hora em que é preciso tomar uma atitude em favor da responsabilidade, de acordar para assumir as rédeas da própria vida e começar a construir suas próprias metas.
Há quem espere da mulher amada a renúncia aos velhos clichês da superficialidade, insegurança crônica e falta de firmeza no controle de si mesma.
Mas há mulheres que aguardam de certos homens a renúncia definitiva ás âncoras arcaicas do machismo, da arrogância e de se achar dono da verdade e da falta de capacidade em dar o mínimo de carinho a quem diz que ama.
Há quem duvide que o ser humano seja capaz de renunciar a alguma emoção, ou a algum bem, ou a qualquer apego.
Mas há quem enxergue renúncia no silêncio vivido no momento certo, quando tudo era um convite à fala; na chance de gol oferecida de bandeja para outro jogador marcar, quando mais um tento daria o título de artilheiro a quem premiou o colega de equipe; no presente que me deram, mas que fica bem melhor se vestido, calçado ou lido pelo meu melhor amigo.
Há quem queira, mas não aprendeu ainda a renunciar.
Há, no entanto, quem sabe como fazer e não renunciar á chance de ensinar.
A poetisa Cecília Meireles, no livro Cânticos, trata disso ao escrever:

"Sê o que renuncia altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre a tua alma nas tuas mãos
E abre as tuas mãos sobre o infinito
E não deixes ficar de ti
Nem mesmo este último gesto!"

André Luiz considera também, acerca desta virtude, que "o verdadeiro amor é a sublimação em marcha, através da renúncia".
O benfeitor ainda ressalta que "quando o amor não sabe dividir-se, a felicidade não consegue multiplicar-se".
Que aprendamos a fazer da renúncia o instrumento de suporte à arte de viver momentos de desprendimento.
Certamente, os felizes com essa decisão seremos todos nós.


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Revista Reformador nº 2.175 de Junho de 2010
Autor Carlos Abranches


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