domingo, 18 de abril de 2010

O ALVO SUPREMO



Ó homem, ó meu irmão, tem fé em teu destino, pois ele é grandioso.
Nascestes com faculdades incultas, com aspirações ilimitadas, e a eternidade lhe é dada para desenvolveres umas e satisfazeres outras.
Engrandecer-te de vida em vida, esclarecer-te pelo estudo, purificar-te pela dor, adquirir uma ciencia cada vez mais vasta, qualidades sempre mais nobres: eis o que te está reservado.
Deus fez mais, ainda, em teu beneficio: concedeu-te os meios de colaborares em sua obra imensa; de participares na lei do progresso sem limites, abrindo vias novas a teus semelhantes, elevando teus irmãos, atraindo-os a ti, iniciando-os nos esplendores do que é verdadeiro e belo, e nas sublimes harmonias do universo.
O progresso das almas e dos mundos não será a realização dessa obra?
Esse trabalho gigantesco, fértil em gozos, não será preferível a um repouso insipido e estéril?
Colaborar com DEUS!
Levar a efeito em tudo e por toda parte o bem, a justiça!
Que poderá haver de maior, de mais digno para o teu espirito imortal?
Ergue pois o tu olhar e abraça as perspectivas de teu futuro infinito!
Recolhe deste espetáculo a energia necessária para afrontar os vendavais e as tormentas mundanas.
Caminha, valente lutador!
Transpõe as escarpas que conduzem ás sumidades designadas sob os nomes de virtude, dever e sacrifício.
Não te entretenhas pelo caminho a colher florezinhas das moitas, ou a divertir-te com coisas pueris.
Avante e sempre avante!
Vês, nos céus esplêndidos, esses astros reluzentes, esses sóis inumeráveis arrastando, em suas evoluções, prodigiosos cortejos brilhantes de planetas?
Quantos séculos acumulados não foram precisos para formá-los!
Quantos outros séculos não serão necessários para dissolvê-los?
Pois bem, dia virá em que todos esses focos se extinguirão, em que todos esses mundos gigantescos deverão desaparecer para dar lugar a novas esferas, a novas famílias de astros emergindo das profundezas abismais.
O que vês hoje não perdurará.
O sopro do infinito varrerá para sempre a poeira desses mundos gastos; mas tu, tu viverás sempre, prossegindo a eterna jornada no seio de uma geração renovada incessantemente.
Que serão pois para tua alma purificada, engrandecida, as sombras, os cuidados da época presente?
Acidentes efêmeros da viagem não deixarão em nossa memória senão tristes ou doces lembranças.
Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do presente, as provas suportadas, serão como névoa fugaz no meio de um céu sereno.
Considera portanto, no seu justo valor as coisas terrenas.
Sem dúvida, não deverás desdenhá-las, porque são necessárias ao teu progresso; a tua missão é a de contribuir para o seu aperfeiçoamento, melhorando-te a ti mesmo; mas não prendas exclusivamente nelas a tua alma, e busca antes de tudo os ensinos que em si contiverem.
Graças a eles, compreenderás que o alvo da vida não é de gozos ou venturas, mas o aperfeiçoamento por meio do trabalho, do estudo, do cumprimento do dever inerente á alma, personalidade esta que encontrarás além do túmulo, tal como tu mesmo a trabalhaste nesta existencia terrestre.

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Do livro O porquê da vida de Léon Denis
Editora FEB

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