O Brilhe a vossa Luz significa estimular o amor nos outros, porque em nós ele tem feito maravilhas; é inspirar humildade nos companheiros, pelo fato deles descobrirem em nossa conduta a coragem de sermos humildes; traduz-se na paz que ajudaremos a construir no próximo, a partir da que já se faz realidade em nosso íntimo; significa garantir a fé e a simpatia ao redor de nós pela vida convicta que levamos, com base nos valores abraçados como legítimos. (Vozes do Espirito)
sábado, 27 de novembro de 2010
BENEFÍCIOS PAGOS COM A INGRATIDÃO
Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?
Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus.
Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento.
Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu.
Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão.
Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago.
Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.
E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará.
Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros.
Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo.
Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor.
Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde.
Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele.
Guia protetor. (Sens, 1862.)
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O Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo XIII - Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
NOSSA ETERNA LUTA INTERIOR
Nossa alma sempre está em conflito consigo mesma, pois sempre sentimos os mais conflitantes sentimentos.
Ora estamos sorridentes, felizes, quando as coisas nos correm bem, ou quando estamos amando.
Ora estamos tristes, angustiados, quando algo não vai bem, quando brigamos com nosso amor.
Ora ficamos tomados da mais profunda ira, quando somos vítimas de alguma injustiça, ou quando vemos cenas como essas que nos são proporcionadas pelo noticiário da televisão, ou jornais, ou seja, derramamento de óleo no mar, filhos assassinando pais, estupros, e toda uma gama de atrocidades que são especialidade da casa do bicho homem...
Li uma mensagem atribuída a "um chefe indígena", que fala bem sobre esse conflito, literalmente, "colocando o dedo na ferida".
Vejam só: Dentro de nós existem dois cachorros. Um deles, é mau... cruel. E o outro é bonzinho... dócil. Estão sempre brigando... E vence sempre aquele que eu alimentar mais...
Dessa mensagem, é fácil deduzir-se que está em nosso livre arbítrio determinar qual o instinto que irá predominar em nossos sentimentos.
Se alimentarmos mais o cachorro bonzinho, ele vencerá a luta com o outro, e em nosso interior predominarão os bons sentimentos, teremos muito mais capacidade para amar do que para odiar.
É muito mais gratificante para nosso interior termos apenas bons sentimentos. Claro, como a perfeição inexiste, sempre teremos nossos momentos de revolta, de ira mesmo contra certas injustiças, contra certas atitudes mesquinhas, contra certas maldades que existem por aí. Mas são apenas momentos ocasionais, quando o cachorro bonzinho não se alimenta direito.
Contudo, quando o cachorro maldoso recebe ração dupla, ou toma algumas vitaminas, vemos a maldade predominar... e as consequências são tristes e trágicas. Não preciso nada dizer, pois o noticiário jornalístico se encarrega de mostrar tudo que se faz de mau por este mundo afora.
Interessante, aliás, que a base do noticiário são sempre as tragédias... Por vezes, parece que televisão, ou jornal está pingando sangue. Como se não bastasse, alguns sites também adoram "pingar" essas notícias, já fartamente noticiadas pela imprensa comum.
Certo que essas coisas acontecem e devem ser noticiadas. Penso apenas que se poderia dar igual ênfase às coisas boas que acontecem... Ou será que só existe maldade neste mundo?
Importante mesmo, é cada qual procurar fazer sua parte, tratando de alimentar melhor o "seu" cachorro bonzinho, para que ele consiga, pelo menos equilibrar a briga... Gozado... brigar para ser bom... Parece um contra senso...
Até que faz sentido isso, para sermos pessoas boas e equilibradas, temos que brigar... Temos que brigar contra a revolta que por vezes cresce em nosso interior contra certos fatos que assistimos... Temos que brigar contra nossa vontade de reagir a certas provocações... Temos que brigar contra as artimanhas do cachorro mau, que vai buscar no fundo de nossa alma, aquele instinto meio selvagem que todos temos em nosso interior, e precisamos sufocar.
Enfim, o caminho para a maldade parece mais fácil e confortável, e realmente o é, pois para conseguirmos as coisas, nos bastará destruir o que outros fizeram, passar por cima de escrúpulos. Pouco teremos que construir, e é mais fácil destruir do que construir.
Contudo, apesar de dar mais trabalho, é muito mais gratificante cuidar bem do cachorro bonzinho.
Além de nos trazer um certo bem estar interior, certamente atrairemos muito mais simpatia, cuidando bem do cachorro bonzinho, um simpático e nobre hursky siberiano, mesmo que esteja um pouco arranhado pelas garras do outro, um soturno pitbull...
Esperando que possamos alimentar convenientemente nosso Hursky.
Marcial Salaverry
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010
ANDAI, ENQUANTO TENDES LUZ
“Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.” (João, 12:35.)
A passagem em epígrafe refere-se a um diálogo de Jesus com estrangeiros que foram à Palestina, especialmente, para conhecê-lo.
A narrativa de João envolve aspectos interessantes dessa conversa, mas aqui queremos nos ater à advertência final acima transcrita, que Jesus dirige, não só a eles, mas a todos os que o ouviam e, se considerarmos os aspectos mais profundos do ensinamento, a todos nós.
Muitas indagações emergem em nossa mente diante dessa passagem: Para onde deveriam dirigir-se os que acolhessem a indicaçãode andar? e, nesse caso, o imperativo está atrelado à luz como condição favorável que se apresentava aos estrangeiros, naquele momento histórico, que deduzimos ser a própria presença do Mestre.
Naturalmente, Jesus sabia do que lhe ocorreria na sequência daqueles dias e percebia que não ficaria por longo tempo entre seus discípulos.
Precisamos entender, contudo, que todo ensinamento evangélico tem propósitos mais amplos e transcendentais.
Considerando a referência ao Reino como orientação expressa em linguagem metafórica,
compreenderemos que o Reino de Deus não é um lugar e o verbo andar não significa o ato de deslocar-se espacialmente na Terra.
Jesus mesmo esclareceu que ninguém pode dizer que o Reino esteja aqui ou ali, porquanto ele estaria dentro de nós mesmos, sendo, portanto, uma condição a ser criada pelo indivíduo num processo subjetivo de realização.
Tudo o que aconteceu depois pode, sem qualquer dúvida, ser identificado com a condição adversa de obscuridade que dificultou a vida das criaturas humanas identificadas com os ideais cristãos: as perseguições sofridas, os sacrifícios no circo romano, as lutas para a consolidação do movimento de divulgação da Boa Nova, a oficialização do Cristianismo como religião do Estado, que determinaria a descaracterização da doutrina ensinada pelo Cristo, o longo período da Idade Média, que somente cessou com o advento do Renascimento já no século XV.
Hoje, ainda, o homem se confronta com grandes obstáculos, para realizar o que Jesus propôs. Notáveis avanços marcam a história da Humanidade, mas, no que tange à cultura ocidental, parece-nos que a condição favorável para o caminhar do homem no sentido de realizar o que lhe cabe – espiritualizar-se – voltou aos cenários do mundo com o advento do Espiritismo, cujas proposições oferecem a chave que nos permite entender os ensinamentos do Evangelho.
Coloquemo-nos, pois, como os atuais destinatários da fala do Mestre. Precisamos tomar consciência de que vivemos um momento favorável ao trabalho interior, para fazer aflorar as virtudes que ainda estão em estado potencial dentro de nós.
O caminho para isso está disponível, caso nos decidamos aos estudos sérios a que somos convocados pelo Espiritismo.
Nada se pode conquistar, sem esforço e luta. Nosso empenho será maior, quando compreendermos que o tempo é um recurso valioso que, embora se renove em outras oportunidades, é, de certa forma, limitado.
Nossa permanência na situação favorável depende do aproveitamento da chance que está sendo dada.
Na sequência dos acontecimentos, o quadro pode se alterar e maiores se tornarão os obstáculos a serem superados.
Busquemos, pois, assimilar o ensinamento principal de Jesus –“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.
Esforcemo-nos para nos tornarmos discípulos do Mestre e estaremos criando condições para superar as amarras materiais e alcançar o conhecimento da verdade que liberta totalmente a criatura da ignorância e do erro.
O momento é favorável, o Consolador está entre nós. Sigamos em paz!
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Dalva Silva Souza
Revista Reformador de Novembro de 2010
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domingo, 14 de novembro de 2010
RELIGIÃO CÓSMICA DO AMOR
Toda crença religiosa que se firma no amor é digna de respeito e carinho.
O objetivo essencial da fé religiosa é dignificar a criatura humana, tornando-a melhor moralmente e preparando-a para desenvolver os valores espirituais que lhe dormem no íntimo.
Em razão do mergulho na matéria, o espírito aturde-se, e quase sempre olvida os compromissos assumidos na Espiritualidade, deixando-se comandar pelas manifestações do instinto que o ajudaram nos períodos remotos da evolução, mas que foram suplantados pelo discernimento e pela consciência, permanecendo somente aqueles que preservam a vida e dão sentido existencial.
Na neblina carnal, no entanto, a predominância da matéria, como é compreensível, dificulta o discernimento a respeito da finalidade da reencarnação, facultando que os sentidos físicos se direcionem para o prazer, para o gozo, para a satisfação das necessidades biológicas.
A consciência, no entanto, trabalha pela eleição do significado existencial, do equilíbrio emocional, do bem estar espiritual, alargando os horizontes da percepção para as conquistas relevantes e significativas que acompanharão o ser após o seu inevitável decesso tumular.
Por esses motivos, entre outros, a necessidade de uma religião que se expresse em lógica e praticidade, destituida dos aparatos e das fantasias, dos interesses sórdidos do comportamento material, faz-se imprescindível para enriquecer os seres humanos de beleza e de harmonia.
Isto porque a conquista da lógica, no longo roteiro evolutivo, impõe a necessidade de compreender-se tudo quanto se deseja vivenciar, a fim de constatar-se a sua resistência frente à razão em qualquer circunstâncias.
Assim sendo, não há mais lugar para qualquer tipo de crença religiosa que se apresente com manifestações totalitárias, eliminando a capacidade do crente de pesquisar, de aceitar ou não os seus postulados, sendo-lhe exigido crer sem entender.
É certo que ainda surgem segmentos religiosos fundamentados no fanatismo, geradores de lutas e intolerâncias, tentando impor-se pela força dos seus dirigentes políticos ou de outra espécie, mas não pela sua estrutura racional e profunda.
Naturalmente, ante o impacto do progresso, aqueles que lhes aderem ao comportamento, logo desenvolvem o senso da razão e os abandonam, isso quando não lhes permanecem vinculados pelos frutos apodrecidos dos interesses materiais que lhes rendem prestígio, poder e recursos econômicos.
Nesse caso, sendo destituídas do sentimento do amor, de compreensão e de bondade, estando ausentes o respeito pelo próximo e pelo seu direito de acreditar naquilo que mais lhe convém e lhe felicita, essas estranhas doutrinas mais atormentam do que consolam, seduzindo grande fatia da sociedade que ainda permanece vitimada pelos atavismos, quando se fizeram poderosas e esmagaram aqueles que eram considerados adversários do comportamento enfermiço.
Foram essas religiões, trabalhadas pela força política e pelos impositivos da ignorância, que se encarregaram de afastar os fiéis das diretrizes do amor que conduz a Deus, abrindo espaço para os comportamentos agressivos e a revolta constante, facultando o desenvolvimento do materialismo e do niilismo, que lhes bloquearam a capacidade de crer e, por efeito, de abraçar os ideais de religação com a Divindade.
Nesse báratro, a misericórdia divina proporcionou à humanidade uma crença religiosa que atende perfeitamente ao mandamento maior e, ao mesmo tempo, conforta e tolera todos quantos não lhe dão guarida.
Trata-se do Espiritismo, que se fez a resposta eloquente do amor de Deus às criaturas ansiosas que lhe suplicavam diretrizes e oportunidade de crescimento, assim como de recursos pra a conquista da felicidade.
O Espiritismo, ademais de fundamentar-se no amor através da ação da caridade, é doutrina profundamente racional, que esclarece o aprendiz a respeito das razões da crença e da sua legitimidade, por estruturar-se na linguagem iniludível dos fatos.
Jesus, quando esteve na Terra, elegeu o amor como sendo a fonte de sabedoria e de iluminação mais poderosa que se pode conhecer.
Estabelecendo como essencial o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não renegou as crenças que predominavam na cultura de então, lamentando que as mesmas não possuíssem essa especial conduta, perdidas em aparências e cerimoniais que mataram o conteúdo essencial de que Moisés se fizera portador ao apresentar os Dez Mandamentos.
Neles estão inscritos, sem dúvida, os códigos éticos de alta magnitude, responsáveis pela ordem social e moral da humanidade, numa síntese que facultaria ao direito civil em muitos países fundamentar os seus postulados naquelas seguras regras de comportamento.
Jesus, complementando, porém, a propositura do amor, que de a sua doutrina se faz o reservatório inexaurível, transformou-o em código superior aos infelizes de todos os matizes, utilizando-se da ação da caridade como sendo a sua expressão mais elevada.
Todas as suas palavras fizeram-se revestir pelos sublimes exemplos, pelas ações, pelos fatos extraordinários que passaram à humanidade, confirmando-lhe o messianato, demonstrando ser ele o Embaixador de Deus, aquele que todos esperavam, mas preferiram não aceitar, porque ele feria de morte as paixões inferiores, os interesses mórbidos dos religiosos equivocados, que se compraziam em manter os crentes na ignorância, a fim de melhor explorá-los.
Por sua vez, ele sempre elucidava todos os enigmas que atormentavam as pessoas, explicando a necessidade do amor em todas as expressões: ao trabalho, ao dever, à família, ao próximo de toda procedência, mas acima de tudo ao Pai Criador.
Submeteu-se às arbitrariedades do poder temporal para demonstrar a sua fragilidade na sucessão dos tempos, especialmente diante da morte que a todos arrebata, modificando as estruturas do mundo e das próprias criaturas.
Jamais se permitiu ceder aos caprichos dos adversários da verdade, divulgando-a e vivendo-a nas situações mais ásperas e agressivas.
Com a sua visão superior, conhecia a fragilidade daqueles que se candidatavam ao ministério da sua palavra, tolerando-lhes a fraqueza moral, mas não anuindo com ela, de modo que anunciou O Consolador, que ele rogaria ao Pai enviar, a fim de que o rebanho não ficasse esparramado, sem diretrizes de segurança, nos momentos difíceis do futuro que se apresentariam para a conquista da real felicidade.
E cumpriu a promessa, por ocasião do advento do Espiritismo.
O amor, realmente, deverá ser um dia a mais bela conduta, a mais significativa, a psicoterapêutica preventiva e curadora, tornando-se uma forma de religiosidade que fascinará a todas as criaturas.
Ao Espiritismo compete, portanto, o dever, através dos espíritas sinceros, de propagar os seus postulados, de divulgar as imorredouras lições do Evangelho, de demonstrar a excelência dos seus paradigmas, o alto significado de que se fazem instrumentos as comunicações espirituais, a magnitude da reencarnação, a convivência com o bem e a sintonia com o inefável amor de nosso Pai.
A Religião Cósmica do Amor, desse modo, no Espiritismo encontra o solo abençoado e fértil para apresentar-se e enflorescer-se, produzindo os frutos da felicidade a que todos aspiram, sem nenhuma desconsideração pelas demais que se fundamentem no Mandamento Maior, vivendo a tolerância e a caridade indiscriminadas.
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Espírito Joanna de Ângelis (página pisicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 13 de Junho de 2010, em Londres, Inglaterra)
Publicada na Revista Reformador de Outubro de 2010
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010
CARTÃO DE VISITA
Em qualquer estudo da mediunidade, não podemos esquecer que o pensamento vige na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma.
Analisando-o, palidamente, tomemos a imagem da vela acesa, apesar de imprópria para as nossas anotações.
A vela acesa arroja de si fótons ou força luminosa.
O cérebro exterioriza princípios inteligentes ou energia mental.
Na primeira, temos a chama.
No segundo, identificamos a idéia.
Uma e outro possuem campos característicos de atuação, que é tanto mais vigorosa quanto mais se mostre perto do fulcro emissor.
No fundo, os agentes a que nos referimos são neutros entre si.
Imaginemos, no entanto, o lume conduzido.
Tanto pode revelar o caminho de um santuário, quanto a trilha de um pântano.
Tanto ajuda os braços do malfeitor na execução de um crime, quanto auxilia as mãos do benfeitor no levantamento das boas obras.
Verificamos, no símile, que a energia mental, inelutavelmente ligada à consciência que a produz, obedece à vontade.
E, compreendendo-se no pensamento a primeira estação de abordagem magnética, em nossas relações uns com os outros, seja qual for a mediunidade de alguém, é na vida íntima que palpita a condução de todo o recurso psíquico.
Observa, pois, os próprios impulsos.
Desejando, sentes.
Sentindo, pensas.
Pensando, realizas.
Realizando, atrais.
Atraindo, refletes.
E, refletindo, estendes a própria influência, acrescida dos fatores de indução do grupo com que te afinas.
O pensamento é, portanto, nosso cartão de visita.
Com ele, representamos ao pé dos outros, conforme nossos próprios desejos, a harmonia ou a perturbação, a saúde ou a doença, a intolerância ou o entendimento, a luz dos construtores do bem ou a sombra dos carregadores do mal.
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Do livro Seara dos Médiuns
Chico Xavier/Emmanuel
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O CRISTO VITORIOSO
"Estava ali um homem, enfermo havia trinta e oito anos"
Havia em Jerusalém um tanque chamado Betesda, que, periodicamente, adquiria propriedades curativas, depois que um Anjo, ou Espírito Superior, descia e lhe agitava as águas, magnetizando-as.
Quem entrasse primeiro, uma vez agitadas as águas, ficava curado de qualquer doença.
Era natural, e bem humano, que ali se reunisse uma multidão de enfermos, esperando o momento exato em que o Celeste mensageiro deveria agitar o tanque, em nome das forças do bem.
Bem humana, também, era a disputa que se verificava, um procurando antecipar-se ao outro, pois, como era notório, quem primeiro entrasse ficaria curado.
Entre os doentes, naquele dia, encontrava-se um homem acometido de paralisia havia trinta e oito anos.
Um paralítico no meio de dezenas de paralíticos.
Jesus passava na direção do templo, para as festividades israelitas.
Vendo aquele homem no auge da ansiedade, perguntou-lhe: Queres ser curado?
E, ante a melancólica explicação do paralítico, de que não podia caminhar, diz-lhe o Mestre: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
O episódio sugere inúmeras considerações.
É de se notar, em principio, a espontaneidade de Jesus, no interesse por aquele enfermo, cuja atitude não foi igual à de outras personagens beneficiadas pelo Senhor.
Bartimeu, por exemplo, o conhecido cego de Jericó, atraiu a atenção de Jesus com tremendo alarido: "Filho de David, tem misericórdia de mim", insistindo de tal modo que muitos o repreenderam.
E o Divino Amigo, compadecendo-se, restitui-lhe a visão corporal.
De outra vez, um homem coberto de chagas prostrou-se-lhe aos pés, suplicando: "Senhor, se quiseres, podes purificar-me".
A mulher Siro-fenícia, cuja filha fora tomada por um espirito obsessor, pediu tanto a Jesus que a curasse, que os discípulos, irritados, rogavam ao Mestre: "Despede-a, pois vem chorando atrás de nós."
Mas Jesus, exaltando-lhe a fé, atendeu-a.
Com o paralítico do tanque das ovelhas, tudo se passou diferentemente, ele não reconhecera a Jesus, não lhe pedira que o curasse e não sabia que o Mestre por ali andava.
O que desejava, isso sim, era dar o mergulho salvador em primeiro lugar.
Ignorava que o Cristo podia curá-lo com um simples pensamento, com uma simples vibração, com um simples impulso de sua vontade.
Era paralítico e ninguém o conduzia ao tanque, eis a sua resposta, franca e sincera, ao ser interrogado por Jesus.
Por suas palavras, depreende-se que desejava apenas ajuda física: "Senhor, não tenho quem me ponha no tanque, quando a água é agitada, pois quando eu vou, desce outro antes de mim."
Houve então o gesto sublime, espontâneo, generoso, fraternal, divino...
"Levanta-te, toma o teu leito e anda."
O amor de Jesus transcende fronteiras, abrange o universo.
Limitado em suas expressões de fraternidade, pretende o homem, quase sempre, bitolar, medir, estereotipar o amor do Cristo, enclausurar-lhe a misericórdia, esquecido do:
"Tende por templo - O universo
Por imagem - Deus
Por lei - A caridade
Por altar - A consciência"
Situa-o, muita vez, entre as quatro paredes de uma igreja, de uma casa.
O fenômeno, contudo, é compreensivelmente humano e humanamente compreensível.
A irradiação do amor de Jesus envolve todos os seres que evolucionam nos círculos planetários e interplanetários, a não compreensão da excelsitude , da grandeza do Cristo reflete um grau evolutivo, traduz "uma visão".
Onde pulse um coração sincero, aí está Jesus, estendendo braços amigos, mãos generosas, como o fez com o doente do tanque.
Mesmo que esse coração ainda gravite noutros rumos evolutivos, polarizado por outras atrações, far-se-á Jesus presente, embora nem sempre possa ser percebido.
O que importa ao Cristo é curar, salvar, educar, restituir ao homem do mundo o que o homem do mundo perdeu: o endereço de Deus.
O paralítico de trinta e oito anos, simboliza o homem de boa vontade, o homem que levou até o fim a sua cruz, o homem anônimo, cuja alma valorosa se esconde, muitas vezes num corpo imobilizado.
Retrata a multidão de aflitos que o mundo não conhece, mas que o percuciente olhar de Jesus alcança, cheio de amor.
O interesse do Mestre, restituindo-o á dinâmica da vida, representa confortadora retribuição a quantos perlustram com dignidade, os caminhos da Terra, arrostando dificuldades.
A cura do paralítico demonstra que a administração do mundo está, acima de tudo, com o Supremo Poder.
Revela que, dando a cada um segundo as suas obras, milhares de almas retomam a carruagem física, em processos de reajustes e aperfeiçoamento.
É que o Cristo permanece, vitorioso, no leme da embarcação terrestre, desde os primórdios da vida planetária, apascentando, com inexcedível ternura, as ovelhas que o Pai o confiou.
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Do livro Estudando o Evangelho
de Martins Peralva
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