sábado, 28 de agosto de 2010

CIDADANIA


Fala-se muito, na atualidade, sobre cidadania.
Ser cidadão é estar consciente dos próprios direitos, como estabelece o artigo 5º da Constituição Brasileira:

"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito á vida, á liberdade, á igualdade, á segurança e á propriedade [...]

Tais conquistas são fundamentais, sem dúvida. Podemos e devemos lutar por elas. Podemos e devemos melhorar as condições de vida de uma comunidade, atendendo a elementares direitos de seus membros.
Mas há outro passo mais importante. Ser cidadão não é apenas reivindicar direitos. É sobretudo, assumir deveres.
É o que nos diz a questão 877 de O Livro dos Espíritos, ed. FEB:

"Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?
Certo, e a primeira de todas é de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos."

A observação do mentor espiritual está bem de acordo com a legislação de qualquer país, instituindo deveres que visam 
sustentar a ordem e o bem-estar dos cidadãos.
Nem é preciso um conhecimento mais amplo das leis para saber quais são nossos deveres, partindo do dever fundamental de não fazer nada que perturbe ou cause prejuízo a alguém.
Temos liberdade de fazer o que quisermos, desde que não façamos nada que atazane o próximo.
Essa orientação, aliás, não é nova.
Desde os Dez Mandamentos, de Moisés, existe a orientação precisa do que não nos é lícito fazer: matar, trair, mentir, cobiçar, furtar...
Observada essa orientação elementar, eliminaríamos a maior parte dos males que afetam a humanidade.
Não obstante, há um passo adiante, no caminho da verdadeira cidadania.
Ele nos é estimulado por Jesus, quando nos convida a fazer pelo próximo o bem que desejamos para nós.
Isso é fundamental, porquanto simplesmente não fazer nada que afete o semelhante pode ser uma forma velada de egoísmo:
- Cada um na sua. Não prejudico ninguém e não quero que ninguém me aborreça!
Com semelhante comportamento talvez tivéssemos na Terra a eliminação do mal originário da iniciativa de alguns, mas permaneceria o mal por omissão de muitos.
Posso não ser culpado pela existência de favelados, não exercitei nenhum mal para que isso acontecesse. Não obstante, guardo a culpa por não estar exercitando o bem, a fim de que sejam eliminadas as favelas.
Diríamos que a verdadeira cidadania não se exprime apenas na observância das lei humanas, mas, sobretudo, no cumprimento das Leis Divinas que pedem nossa integração em organizações que visam o bem-estar social, sejam associações de moradores, clubes de serviço, centros comunitários, instituições filantrópicas e religiosas, contribuindo para uma sociedade consciente, ativa e responsável.
Um amigo espírita reclamava:
- É complicado ser espírita, porquanto a doutrina buzina o tempo todo que é preciso reformar nossa casa mental, cultivar bons pensamentos, falar sempre a verdade, não fofocar, não fazer nada que perturbe o próximo... E não basta não incomodar o próximo, é preciso que nos incomodemos com suas carências e necessidades, ajudando-o. E quando a gente pensa em descansar, vem a orientação de que é preciso estudar, aprender sempre. Haja disposição!
Realmente não é fácil, uma vez que semelhantes iniciativas colidem com a tendência ao acomodamento que caracteriza o comportamento humano, neste planeta de provas e expiações, orientado pelo egoísmo.
Não obstante, é preciso admitir que não estamos na Terra em jornada de férias. O objetivo fundamental de nosso trânsito na carne chama-se evolução, com o empenho por superar mazelas e imperfeições.
Isso obviamente exige trabalho, dedicação, perseverança, esforço por superar milenárias tendências ao acomodamento.
Talvez tenhamos dificuldade, em princípio, por não ser exatamente o que gostaríamos de fazer.
Mas se insistirmos logo tomaremos gosto, habilitando-nos a gostar do que fazemos.
Então, leitor amigo, como dizia velho slogan de antigo programa de televisão, o céu será nosso limite!  

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Por Richard Simonetti
publicado na Revista Reformador nº 2177 de Agosto de 2010

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